sexta-feira, junho 30, 2006

Só...
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Sente-se no teu olhar, em cada palavra, o peso denso de uma solidão real.
Se soubesse o caminho da felicidade dava-to numa concha apanhada numa onda do mar azul...

(Foto: Ant)

quinta-feira, junho 29, 2006

À espera...















... que as sereias se assomem...
Enquanto isso vou ali dentro pedir que me sirvam uma bebida fresca e colorida, daquelas que se bebem demoradamente...
Aproveito e meto conversa com a empregada enquanto o patrão está distraído...

Volto já...


(Foto: Ant)

quarta-feira, junho 28, 2006


Hoje
vou ficar aqui ao lado.
em conversas de xaxa...


Porque às vezes apetece mesmo descambar e não me apetece repetir-me.

Até já.

segunda-feira, junho 26, 2006

O tempo não perdido...
Não resisti a completar o sentido dos anteriores.


Apesar dos inconvenientes
do tempo perdido para nada (?)
















Anjo Feiticeiro
Texto: António M. Ribeiro (UHF, À Flor da Pele)

O que farias tu de mim se eu me atirasse daqui
E entrasse por ti dentro lentamente como o vento
Sou a imagem que escasseia o pregador que fareja
E abre as portas da mentira rumando para o fim da avenida

O que farias tu de mim se eu me atirasse daqui
Deste lado da fronteira onde a s luzes encandeiam
À esquina do teu bairro loucuras feitas e silêncio
Entre o álcool e o cansaço descobri o teu talento

Não vou ficar por aqui
Escolho a estrada e a palavra
Escolho por mim
Passei por ti
Podes guardar a imagem.


(Foto: Rasgos- A. Brito)
O Baile...















É espantoso como os tempos não mudam.
Quer dizer, os tempos mudam as vontades é que, aparentemente, cristalizam.

Nos novos bailes as luzes são mais brilhantes, a música embriaga, o álcool tem sabores mais sedutores. Deve ser por isso que a roda se aperta em torno de uma sedução débil e poucos se recordam que para a valsa são precisos dois, que o tango vive da paixão.

Levam o engate como referência, perde-se o instinto ancestral da catarse através do corpo...



(Imagem: “Baile de Pasion” – Pastel de Elaine Lierly-Jones)

sexta-feira, junho 23, 2006

A dúvida...
Banda sonora: Cryin’ Joe Satriani in "The Extremist"














Não sei o que mais te apoquenta:
Se estares na tua cama com ele
E não estares comigo
Ou se é eu estar com ela na cama
Em vez de estar antes contigo.


(foto: Intervalos – Carlos Pereira)

quinta-feira, junho 22, 2006

O adeus...

De quando em vez a vontade de mudar e de encontrar novas referências é imperiosa, um desejo incontrolável, um destino.
A despedida, metamorfose que separa o passado do presente, faz-se com dor, lágrimas e vazios.
Preencher este olhar pelo horizonte, sem perder o fio condutor da coerência é, por natureza, um espaço de riqueza interna tão intensa, luz que ofusca, arrepia cada milímetro do nós que se quer integrar nesta nova construção interior.

“Quando fui o que não era
Deram-me um reino e fui rei.
Fui a máscara de cera
Sou nada porque a tirei...”

Despir o fato, pele apegada a um eu já distante, é esquecer ventanias e vendavais, é ser barco à deriva que procura cais onde atracar e esperar que o mar amaine para de novo partir, já não sozinho, já não à deriva, mas preenchido e de proa apontada a outros e novos rumos.

Há esta inspiração no ar
Sente-se a brisa
Das asas da gaivota
Que esvoaçam rente ao mar
E no delírio do adeus
Há um fragmento oculto
Um destino branco
Que se parece com deus.


(Foto: Ant)

quarta-feira, junho 21, 2006

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Silêncio ...........................
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chhhhhhhiiiiiiuuuuuuuu

terça-feira, junho 20, 2006

Anjo...












Chamas-me anjo
Mas, então os anjos têm desejos?
Porque os desenhos que traço no teu corpo
São desejos cravados com fogo
Que me habita no interior da pele
Ansioso, arrebatado,
E que a paixão expele.

Chamas-me anjo
Então os anjos também se perdem
No êxtase, limiar da dor
Esgotam-se até ao suor
E também falecem
Na intensidade desse lume
No assustador excesso do ciúme.

Se eu sou anjo
É porque os anjos têm coração,
Se embriagam até à exaustão
Com néctares doces e cristalinos
São enfeitiçados como eu
por olhares, como o teu, felinos
E raptados até à luz de um outro céu.

segunda-feira, junho 19, 2006

Em linha...

Não me fales de jogos de amor virtual.
Prefiro as gargalhadas espontâneas
Ágeis e sentidas, misturadas com as palavras que se interrompem na sedução que apenas se descontinua, não termina nunca, antes recomeça em cada brilho de olhar que nasce em cada ligação... está lá... o desejo... sim estou... sim és tu e sim sou eu... horas e horas mergulhando em teus olhos, em teu rosto, em teu cheiro que reconheço em cada sílaba...

Meu amor
Trazes-me lírios
Abraços e beijos
Na continuidade viável
Que atravessa este oceano
Em que nos deitamos
Até ao momento inevitável
Em que os astros abram as portas
De um céu que nos espera.

domingo, junho 18, 2006

Evasões...

Tivesse sido salvo pela lua
e não perderia a inocência
que ainda me resta...

... o que não é,
necessariamente,
nenhum drama...

sexta-feira, junho 16, 2006

Gatos velhos














Nos becos,
Gatos velhos enganados
Andam todos engomados,
Porque são como soldados,
Traídos e roubados.
Também há
Mulheres muito dóceis
Que os afogam e beijinhos,
Porque vivem sózinhas
Nas suas lindas casinhas.

Nas casas velhas,
Vivem homens arrasados
Por meses de trabalho
Que se arrastam
Por anos e anos.
Também têm
Mulheres e filhos lindos
Que os enganam
Coitadinhos.
Na sua pouca sabedoria
Deixam assim passar os anos.

E assim nos subúrbios,
Passa a vida
Como em comboio veloz.
Bons homens e mulheres,
Aquecem-se ao adormecer,
Em tv e bebidas
Que os afogam em sonhos

De negócios da china.

terça-feira, junho 13, 2006

Medalhas...














Estava eu hoje à espera e a ver a RTP1, programa da manhã.
Enquanto os Srs. animadores e seus convidados vão fazendo a festa, em rodapé passam as habituais mensagens disto e daquilo: “Amo-te muito querida”, “Querido amo-te muito”.
Hoje dei especial atenção aos pedidos de encontro de ex-militares, combatentes em Angola, Moçambique ou Guiné.

Não sei porque fui eu reparar especialmente nisto.
Talvez porque o país anda de bandeirinha na mão por causa da selecção.
Talvez porque o 10 de Junho foi há dias, objecto de várias referências por vários blogs, e me foi indiferente.

De repente a cabeça encheu-se das imagens de outros 10 de Junho, quando mulheres vestidas de preto, às vezes acompanhadas de miúdos, iam receber da mão do Sr. Presidente uma medalha a título póstumo.

Talvez porque me lembrei do Vietnam, do Irão, do Iraque, etc., onde nasceram mais mutilados. Física e psicologicamente mutilados.
Os “culpados” de feridas que poucos têm a coragem de abrir.

Talvez porque, mesmo sem ter ido à tropa, por opção, entendo a necessidade desses homens se encontrarem, ao abrigo dos momentos em que, aparentemente, faziam parte de um colectivo.

E este vazio nacional, que precisou de ser preenchido por um brasileiro consciente do valor dos símbolos como uma bandeira, que pelos vistos nos diz muito pouco – para não falar do hino que nem os nossos seleccionados sabem cantar –, vai-se ampliando pela cada vez maior ausência de referências reais e objectivas.

Enquanto não chega (ou não se assuma) o novo salvador, esperemos que os rapazes pelo menos, se derrotados, continuem a sair com a cabeça erguida.



(Foto: http://cepclan.no.sapo.pt)

segunda-feira, junho 12, 2006

Aluar

“Já viste como a lua olha para nós?
O céu hoje está prateado.”














E a lua, brilhante e grande, unia os nossos desejos
E o aroma do mar tinha o sabor dos nossos beijos


(Foto: Galeria do Ricardo)

sexta-feira, junho 09, 2006

Dos aflitos...

... sim filha, depositei agora 280 euros...
... não, não te preocupes... olha amanhã eu deposito mais...
sim... mas não... eu vou já tratar disso e amanhã...

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E o senhor, aí com uns 70 anos, continuava a apaziguar a filha que, como tantos, outros vive na constante aflição de uma dependência que já não quer mas que não sabe como evitar.


(Foto: JúlioViena)

quarta-feira, junho 07, 2006

Construção de Palavras...
A palavra tem um sentido, tem um peso, tem uma medida...

Ou não...

A palavra reveste-se de ambiguidades, de sentidos mais ou menos ocultos, de ideias mais ou menos claras.
A palavra é o meio... o sentido, esse, pode perder-se na imensidão dos signos, de equívocos e de conceitos, de estigmas.

O texto, inocente, é construção da perplexidade e ganha valores, reflexos da ambiguidade dos sentidos.
No interior do texto escondem-se contradições, mensagens ocultas que o são propositadamente e não mero acaso de um capricho.

É assim que a palavra se apodera do texto e lhe confere uma verdade flutuante, o poder da discussão e da livre interpretação mas não poucas vezes o equívoco do sentido que vive no seu interior.


(Foto: Amarga – Fernando Gabriel)

segunda-feira, junho 05, 2006

Orgasmo virtual...















Decididamente vou ficar adepto do sexo virtual.
É assim, directo e objectivo como convém neste círculo, porque ninguém tem tempo para rodeios e meias palavras.

Mas é verdade.
De repente, apercebi-me das enormes vantagens do sexo virtual.

Desde logo não há necessidade de despender verbas astronómicas em jantares românticos.
Sim, quer dizer... afinal que interessa um jantar num sítio com vista para o mar, escolher um bom vinho, um prato saboroso, uma sobremesa gulosa, uma aguardente velha? Que interesse pode ter isso afinal, de facto?

Virtualmente imaginamos, até posso servir a mim mesmo esse jantar e partilhar com quem quiser, e até dar asas a fantasias polígamas...

Depois o tempo que se perde com conversas... da treta ou outras.
Que interesse pode ter a dissertação sobre aquele livro tão interessante, o filme que se viu, o passeio que se pode planear?
Para não falar da situação económica do país, do mundo, os pobrezinhos...
... e pimba lá se vai o desejo, a tesão, enfim, que tempo perdido...

E depois o que é mesmo o pior... a troca de odores.
Eu sei lá se os odores corporais são compatíveis? A frustração que isso pode causar...
E sentir a pele....
E despir a roupa...
E descobrir o corpo que até é bonito porque gostamos de quem o usa...

Sim... o perigo que isto representa....

Com o sexo virtual nada disto acontece.

Não há trocas de beijos, de olhares, de toques...

Com o sexo virtual a tesão aumenta em cada momento até ao orgasmo, até ao repouso.
Não fica nada de residual, apenas um qualquer “eu” satisfeito e apaziguado.
Sem necessidade de lhe passar as mãos pelo cabelo, de lhe tocar, de lhe ouvir os segredos, de lhe ver o sorriso.

Definitivamente, não há como o vazio do sexo virtual.
Controlado ao limite, usado até à exaustão.



(Foto: Derme Epiderme e Suor-Paulo César)


sexta-feira, junho 02, 2006

Canção rouca II...

Eu cá quando gosto, gosto e pronto.
É uma pena o José Medeiros não andar por cá mais vezes mas... fica aqui um texto.

O álbum Torna-Viagem de 2004.














Não Leves a Mal

não leves a mal
se passo o tempo a sonhar acordado
este meu jeito desajeitado
este meu lado judaico-cristão
sempre a pedir perdão
tudo um pouco irraional
naquela onda das manhãs de nevoeiro
desta távola redonda serei triste cavaleiro
em busca do santo Graal
não leves a mal
meu coração sempe insensato
a miha tendência pr’ó espalhafato
este meu lado faca e alguidar
assim um tanto marialva e etc e tal
transformei os ecos da nossa revolução

num faduncho choradinho e sentimentalão
nada de muiot original
não leves a mal
as minhas danças da fortuna e do acaso
estas minhas rimas um tanto fora de prazo
fico confuso, qunado o medo me conduz
mais pareço uma avestruz num cenário tropical
vou enfiando a cabeça n’areia
e lá fico enredado nesta imensa teia
num grotesco ritual
não leves a mal
as minhas neuras, ressacas e azedumes
meu amargar, meu país de brandos costumes
quero tapar o sol com a peneira
no meio desta bandalheira
eu não passo de um jogral
que desafina a partitura deste coro
neste louco desconcerto, neste triste desaforo
que se chama portugal
não leves a mal
as minhas canções agora sombrias
pauta de fraquezas, de pequenas cobardias
eu queria ser o teu princípe encantado
e mesmo desafinado, vou tentar um madrigal
sou marinheiro nas águas do teu olhar
do teu amor fico suspenso de pernas pr’ó ar
como num quarto do chagall
não leves a mal


(Foto: Could You Stay Right WithThe Stars - Daniel Camacho)

quinta-feira, junho 01, 2006

Canção rouca...

Não costumo falar das aventuras e explorações que vou fazendo mas desta vez não resisto.
Muitos lisboetas (e não só...) saberão que ali para Santos está instalado “A Barraca” (quem não souber o que é procure s.f.f.).
Bom, ontem no café concerto do teatro ouvi esse personagem fantástico que é o Zeca Medeiros, de quem conheço um álbum.
O sotaque açoreano, um registo rouco ao nível de Tom Waits, uma poesia profunda que me fez recordar o concerto de Léo Ferré, uma intensidade dramática às vezes comovente, outras burlesca.
Quem não conhece que procure os CDs, porque ao vivo e no continente é difícil.

O ambiente? Bem eu vou lá voltar já amanhã. Até porque a voz que vai cantar promete...


(Foto: Tiago Pedroso)