Medalhas...
Estava eu hoje à espera e a ver a RTP1, programa da manhã.
Enquanto os Srs. animadores e seus convidados vão fazendo a festa, em rodapé passam as habituais mensagens disto e daquilo: “Amo-te muito querida”, “Querido amo-te muito”.
Hoje dei especial atenção aos pedidos de encontro de ex-militares, combatentes em Angola, Moçambique ou Guiné.
Não sei porque fui eu reparar especialmente nisto.
Talvez porque o país anda de bandeirinha na mão por causa da selecção.
Talvez porque o 10 de Junho foi há dias, objecto de várias referências por vários blogs, e me foi indiferente.
De repente a cabeça encheu-se das imagens de outros 10 de Junho, quando mulheres vestidas de preto, às vezes acompanhadas de miúdos, iam receber da mão do Sr. Presidente uma medalha a título póstumo.
Talvez porque me lembrei do Vietnam, do Irão, do Iraque, etc., onde nasceram mais mutilados. Física e psicologicamente mutilados.
Os “culpados” de feridas que poucos têm a coragem de abrir.
Talvez porque, mesmo sem ter ido à tropa, por opção, entendo a necessidade desses homens se encontrarem, ao abrigo dos momentos em que, aparentemente, faziam parte de um colectivo.
E este vazio nacional, que precisou de ser preenchido por um brasileiro consciente do valor dos símbolos como uma bandeira, que pelos vistos nos diz muito pouco – para não falar do hino que nem os nossos seleccionados sabem cantar –, vai-se ampliando pela cada vez maior ausência de referências reais e objectivas.
Enquanto não chega (ou não se assuma) o novo salvador, esperemos que os rapazes pelo menos, se derrotados, continuem a sair com a cabeça erguida.
(Foto: http://cepclan.no.sapo.pt)
Estava eu hoje à espera e a ver a RTP1, programa da manhã.
Enquanto os Srs. animadores e seus convidados vão fazendo a festa, em rodapé passam as habituais mensagens disto e daquilo: “Amo-te muito querida”, “Querido amo-te muito”.
Hoje dei especial atenção aos pedidos de encontro de ex-militares, combatentes em Angola, Moçambique ou Guiné.
Não sei porque fui eu reparar especialmente nisto.
Talvez porque o país anda de bandeirinha na mão por causa da selecção.
Talvez porque o 10 de Junho foi há dias, objecto de várias referências por vários blogs, e me foi indiferente.
De repente a cabeça encheu-se das imagens de outros 10 de Junho, quando mulheres vestidas de preto, às vezes acompanhadas de miúdos, iam receber da mão do Sr. Presidente uma medalha a título póstumo.
Talvez porque me lembrei do Vietnam, do Irão, do Iraque, etc., onde nasceram mais mutilados. Física e psicologicamente mutilados.
Os “culpados” de feridas que poucos têm a coragem de abrir.
Talvez porque, mesmo sem ter ido à tropa, por opção, entendo a necessidade desses homens se encontrarem, ao abrigo dos momentos em que, aparentemente, faziam parte de um colectivo.
E este vazio nacional, que precisou de ser preenchido por um brasileiro consciente do valor dos símbolos como uma bandeira, que pelos vistos nos diz muito pouco – para não falar do hino que nem os nossos seleccionados sabem cantar –, vai-se ampliando pela cada vez maior ausência de referências reais e objectivas.
Enquanto não chega (ou não se assuma) o novo salvador, esperemos que os rapazes pelo menos, se derrotados, continuem a sair com a cabeça erguida.
(Foto: http://cepclan.no.sapo.pt)
18 Comentários:
Se a selecção perder seram vaidados, discutir-se-á nos café como o brasileiro era mau, far-se-ão grandes debates televisivos na televisão (que por sua vez renderão milhões) onde se discutará cada pontapé efectuado.
Entretanto, este ou qualquer outro governo (tanto faz) aproveitar-se-á para impor umas quantas medidas muito pouco razoáveis, uns quantos amiguinhos (e os próprios) enriquecirão e os tolos de sempre nem se aperceberão.
Isro porque estamos sempre à espera de quem nos salve, selecção ou outro. Em vez de sermos nós próprios a tratar do assunto...
O futebol sempre servio de disfarce para econder as realidades duras e cruas que aconteciam mesmo no tempo de fascismo, para distração, os tempos mudaram , mas tudo continua igual
beijos
a experiência de guerra é terrivel e deixa marcas. os encontros de militares funciona como um "exorcismo".
Olá Ant sou do Blog Entre Amigos tudo bem? Vim te avisar que já te enviei o convite para participar do Orkut, veja se recebeu. Depois te convidar a conhecer o meu Blog pessoal, espero a tua visita. Beijos
Oi Ant!
Nada como começar a semana em boa companhia...
Obrigada pelo carinho deixado no Entre Amigos.
Tomara que a final da copa sejamos adversários, hehehe Se não formos, já temos um motivo para comemorar: seu aniversário, rsrs
Um abraço
Regina
http://blogentreamigos.zip.net
http://www.regina.blog.trix.net
ahahahahahahahhhhhhhhhhhhhhh!
tão engraçado...andei por aí a ler-te...:)
oh salvador da chuva...:)
inspirado pois então....
abraços...
Oi kerido..vim deixar beijos p ti! e espiar o post do dia..ke triste lembranças as tuas..Mas acho ke o futebol..nao faz nós eskecermos das desgraças nao...estamos a tento a tudo...Beijocas mil!!!uma otima noite p ti!
Ant, gostaria que me voltasses a dizer quem canta a música que tens no blog, ou que já tiveste ehehe.
Eh pá, não me lembro...
Thanks.
Quanto ao hino, às bandeiras...
O que conta é o espírito... mas é sempre bom ver que ao menos no futebol, Portugal une-se de lés a lés...
Incluindo ilhas!! ;)
acho pior nao sentir o hino do que nao saber canta-lo... E pior ainda, ter a bandeira sem perceber os seus simbolos e cores!
E essas mensagens de rodape, deixam-me sempre nostalgica... sera que alguem lhes responde?...
Oi...tudo bem? É no Brasil comemoramos o dia dos namorados em junho. Qualquer lembrança de guerra, sempre é muito triste e nos deprime muito tbm! Mas, não percamos a esperança de um mundo melhor!!
Abraçãooo
Sandra Maria
que os rapazes, gahem ou percam o façam com honra e dignidade! O orgulho nacional anda mto fraco se só se expressa pela selecção e, por conseguinte, pelo futebol... Talvez o país se devsse unir em mais coisas mas a miséria enfraquece as pessoas e tem tendência de as virar umas contra as outras. Faz-me lembrar de uma máxima de Aristóteles que dizia: "dividir para reinar". Parece bem verdade por vezes não? Jokas
Eu ca gosto de ser Portugues. Portugal forever.
Desculpa a falta de acentos, mas nao tenho.
---------------------------_(\\_/)
-------------------------,((((^`\\
------------------------((((--(6-\\-
----------------------,(((((-,,---\\
--,,,_--------------,(((((--/“._--,“,;
-((((\\\\-,...-------,((((---/-----`,@) Viva a vida de maneira
-)))--;“----`““““““((((---(-------´´
(((--/------------(((------\\ que sua presença não
-))-|----------------------| seja notada
((--|--------.-------“-----|
))--\\-----_-“------`t---,.“) Mas que sua ausência
(---|---y;---,-““““-.\\---\\/--
)---/-./--)-/---------`\\--\\
---|./---(-(-----------/-/“
---||-----\\\\----------//“| seja profundamente sentida..
---||------\\\\-------_//“||
---||-------))-----|_/--|| Um otimo final de semana e um big bj da nany
Pois é amigo... aquela sensação de pátria amada é complicada de se sentir quando todo e qualquer motivo serve para verificarmos que nao pertencemos a pátria nenhuma mas sim a uma federação capitalista europeia que até nos dita o que temos que pescar... quanto ao futebol tenho a dizer-te que é efectivamente dos poucos momentos em que sinto devoção à pátria, ainda sou dakelas pessoas que se arrepiam quando ouvem o publico em delirio pela selecção, quando o hino toca, quando se sente efectivamente amor à união nacional...
BJokas
É pena que se a selecção for derrotada, vamos ficar com a sensação que nem país temos... ou somos... os jogadores passarão de bestiais a bestas... e assim também o Scolari :S
Um abraço
quem andou na guerra , dois anos no mato a ver de tudo e sobretudo ater de estar onde não querioa estar tem decerto uma ligação muito profunda com os que estavam a seu lado na altura...
daí esses encontros, essa "festa" qd ocasionalmente se vêm na rua ou no café - são memórias de dois anos ou mais passados em tarimbas, no mato, na lama , a fazer uma guerra com a qual (muitos) não concordavam!
E depois vinham as medalhas do regime. E as viuvas tão novas. E os orfãos de tenra idade, muitos não tinham chegado a conhecer o pai.
Colonialismos.
Ocorre-me um trecho de um poema do José Mário Branco,
"...penteiam-me os cranhamos emos, das cabeleiras dos avós, para dar corda à nossa ausência e pensar que não estamos sós...."
10 de Junho, medalhas, guerra, recordações, passados, presentes, futebol, cerimónias militares, viver, sobreviver, morrer......
Nada disso terminou, não é por vivermos em democracia que deixaram de ser entregues medalhas às viúvas, os motivos são diferentes, os cenários também mas as medalhas a título póstumo continuam.... como devem saber, já dez militares portugueses morrerram na Bósnia, alguns também em Timor e, mais recentemente, um no Afeganistão, não sei ao certo quantos deles foram condecorados, mas alguns foram-no de certeza, porque até estive presente nas cerimónias.... eu também não fui militar, mas ando perto deles e, por vezes nesses territórios de conflito por onde eles passam também... penso que esse desejo de se encontrarem e de se reencontrarem é muito mais do que uma forma de exorcizar a tensão e o medo (porque ele existe...), é também uma forma de reviver esse viver em grupo, que muitos desses homens só tiveram mesmo no tempo em que vestiram uma farda... Ant, nem toda a gente, diria mesmo, que a maioria da gente, não teve o previlégio de viver numa ilha, numa ilha rodeada de terra por todos os lados, como nós, de ter um grupo muito grande de amigos ou de afinidades, de ter um Clube, ou um Núcleo Cultural, ou Centro Cultural, como nós tivemos.... partilhamos naquele espaço de pessoas, de ideias, de ideais, de acções, de cumplicidades, de conflitualidaes, de paixões, de amores, de atritos mas, sobretudo era um espaço partilhado, por muitas pessoas diferentes, por gerações diferentes, que pensam, sentem, sonham, idealizam e agem de forma diferente.... fomos uns previligiados... talvez, também, por isso nos fizemos homens sem termos ido á tropa... talvez, também, por isso tenhamos também a necessidade de nos encontrarmos e saber como estão muitos daqueles que com quem partilhamos muitos daqueles momentos....
quanto aos futebóis..... já dei muito para esse peditério... como agora até é moda gostar-se de futebol, discutir-se (mal) o futebol, até nos circulos ou circuitos intelectuais, deixei de gostar de futebol e da selecção......
abraço
Luís Neto
Errata ao Post anterior....
em vez de peditério deve ler-se peditório....
não sei se haverão mais algumas gralhas, pelo menos notei na acentuação, mas isso não é grave....
Luís Neto
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial