Este é um título do jornal Oje. Depois e de acordo com o Banco de Portugal, “a poupança financeira dos particulares sobre há 3 anos consecutivos e contrasta com o crescente endividamento do sector financeiro...”, refere o jornal.
E apresenta números, percentagens dos patrimónios líquidos e do endividamento global da economia nacional (quem quiser aprofundar vai ao site)
E pronto poderia ficar por aqui e mai nada...
Só que... bem... ando a acordar com neuras atrás de neuras...
Correndo o risco de ser considerado ingénuo, não posso deixar passar a oportunidade de referir, moi même (isto é francês), que estas análises economicistas do estado da nação já chateiam.
Há um esquecimento, por parte dos analistas, da visão humanista da questão.
É que eu não estou a ver como é que a maior parte do pessoal vai pôr-se a poupar...?...
Primeiro, eu até duvido desta história das poupanças. A maior parte das pessoas que adquiriu habitação teve que subscrever planos vários para baixar o spread do empréstimo. Portanto baixa ali para entrar aqui... não é má ideia. Ao mesmo tempo que adquire juros sobre a aquisição, o banco ainda consegue ter uns cobres mais a render juros.
Resultado: o subsídio de férias é para ajustar a coisa, o de Natal para as prestações em atraso.
Por outro lado foi a poupança que aumentou (eles dizem que sim, nós acreditamos), ou simplesmente a malta não tem dinheiro para gastar?
Muita gente tem que recorrer a segundos e terceiros trabalhos para se organizar minimamente. A consequência lógica é que sendo assim não sobra muito tempo para gastar – é como faz a maior parte dos emigrantes: bule, bule e mais nada.
Resultado: alguns pais até conseguem aperceber-se que têm filhos porque aqueles putos que andam ali por casa lhe fazem lembrar alguém... isso se vivem todos na mesma casa.
O valor dos bens essenciais (e aquilo parece que aumenta todos os dias), o recurso à saúde (oh, os velhinhos...), o preço da educação e da cultura (que ainda não são bens essenciais), reduzem (?) o consumo de produtos e serviços (qualquer dia vai toda a gente de marmita para o emprego, - se o tiver -, os cinemas ficam ainda mais vazios, os actores vão arrumar carros.
E não, não esqueci que o endividamento dos portugueses é brutal, que bares e discotecas estão cheios (até quando?).
A possibilidade de uma viagem de férias é quase uma miragem para a maioria dos portugueses. Também para quê? Estamos aqui muito bem, não precisamos de ir a lado nenhum.
E este verão? Será que o homem dos gelados vai chegar ao fim do dia com a geleira vazia?
Ah! As neuras são mesmo de origem económica... :D
(Foto: br.geocities.com/sangavc/treinamentos.html – dêem lá um saltito...)