terça-feira, junho 26, 2007

Novas, são novas…

Queres novidades
E pouco acreditas no que digo
Nas palavras que te escrevo













Queres promessas de amor,
Lindos vocábulos, doces,
Devaneios de ardor.

Não queres que te conte
Das vielas sujas e matreiras,
De veredas, profanas e obscuras,
Que percorro em cada noite de insónia.
Não queres que te pinte
Telas medonhas
Onde vivem pesadelos reais
Ao lado de utopias enfadonhas.

Queres novidades?
Procura-as em gazetas
- Lindos retratos de lindas nobrezas
Lindos sorrisos de lindos meninos lindos –

Queres palavras de amor?
Eu digo-te o que é o amor,
Esse fogo que arde e não se vê!
Deixa-me dizer-te:
O amor só existe nos sonhos.
É o alimento de quimeras
Paragem de esperas…
… Esperas e esperas…

Queres que chore no teu ombro lágrimas que não sofro?
Que ria gargalhadas que não sinto?

Esquece-me.
Estou no limbo entre o verdadeiro e o falso
Entre o genuíno e o incerto.

Gosto de pássaros.
Porque vivem por entre aragens
Gosto de cavalos
Porque superiores entre a voragem.

E gosto de ti.
Porque em cada beijo teu
Habita o encanto
Onde me diluí.

(Foto: José Margarido)


quarta-feira, junho 20, 2007

Psicopatia

Vi a loucura pelos olhos de um poeta maldito.
Vi-a no olhar distante de um peregrino,
Senti-a no odor fétido de um mendigo
Na indiferença de um executivo.

Estive perto da demência
Quando furei a cona de uma puta.
Quando o meu pénis encapuçado
A comprou para se vazar
- E eu com ele e através dele –
Me esgotava também
E me consumia
Porque era longe
Longe
Longe
De ser eu que se comprazia
Daquele momento
Que já não queria
Que não sentia
Porque tão longe
Longe
Longe
De seu eu.

Olhei então essa loucura
No fundo da garrafa
Que já pouco ou nada tinha
E sorri-lhe
porque apesar de vazia,
Inútil
Era minha.

quarta-feira, junho 13, 2007

The End

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land

Lost in a roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the king's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...i want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end


(Jim Morrison)

sexta-feira, junho 01, 2007

Este é um título do jornal Oje. Depois e de acordo com o Banco de Portugal, “a poupança financeira dos particulares sobre há 3 anos consecutivos e contrasta com o crescente endividamento do sector financeiro...”, refere o jornal.
E apresenta números, percentagens dos patrimónios líquidos e do endividamento global da economia nacional (quem quiser aprofundar vai ao site)


E pronto poderia ficar por aqui e mai nada...
Só que... bem... ando a acordar com neuras atrás de neuras...

Correndo o risco de ser considerado ingénuo, não posso deixar passar a oportunidade de referir, moi même (isto é francês), que estas análises economicistas do estado da nação já chateiam.
Há um esquecimento, por parte dos analistas, da visão humanista da questão.
É que eu não estou a ver como é que a maior parte do pessoal vai pôr-se a poupar...?...

Primeiro, eu até duvido desta história das poupanças. A maior parte das pessoas que adquiriu habitação teve que subscrever planos vários para baixar o spread do empréstimo. Portanto baixa ali para entrar aqui... não é má ideia. Ao mesmo tempo que adquire juros sobre a aquisição, o banco ainda consegue ter uns cobres mais a render juros.
Resultado: o subsídio de férias é para ajustar a coisa, o de Natal para as prestações em atraso.

Por outro lado foi a poupança que aumentou (eles dizem que sim, nós acreditamos), ou simplesmente a malta não tem dinheiro para gastar?
Muita gente tem que recorrer a segundos e terceiros trabalhos para se organizar minimamente. A consequência lógica é que sendo assim não sobra muito tempo para gastar – é como faz a maior parte dos emigrantes: bule, bule e mais nada.
Resultado: alguns pais até conseguem aperceber-se que têm filhos porque aqueles putos que andam ali por casa lhe fazem lembrar alguém... isso se vivem todos na mesma casa.

O valor dos bens essenciais (e aquilo parece que aumenta todos os dias), o recurso à saúde (oh, os velhinhos...), o preço da educação e da cultura (que ainda não são bens essenciais), reduzem (?) o consumo de produtos e serviços (qualquer dia vai toda a gente de marmita para o emprego, - se o tiver -, os cinemas ficam ainda mais vazios, os actores vão arrumar carros.

E não, não esqueci que o endividamento dos portugueses é brutal, que bares e discotecas estão cheios (até quando?).
A possibilidade de uma viagem de férias é quase uma miragem para a maioria dos portugueses. Também para quê? Estamos aqui muito bem, não precisamos de ir a lado nenhum.

E este verão? Será que o homem dos gelados vai chegar ao fim do dia com a geleira vazia?


Ah! As neuras são mesmo de origem económica... :D


(Foto:
br.geocities.com/sangavc/treinamentos.html – dêem lá um saltito...)