quarta-feira, novembro 29, 2006

Acordar…

Levanto-me lentamente.
Olho à volta e não te vejo.
És a miragem do desejo,
Do poema insistente
Em que me digo
Sem pudor nem embuste.

Acordo antes do amanhecer.
Permaneço no odor
Do teu perfume natural
- Porque teu, porque real.
Demoro-me no calor da tua presença
Tão autêntica, como suspensa…

(Foto: Hugo Fernandes)

segunda-feira, novembro 27, 2006

I get high…








… With a little help from my friends

É frequente ler na esfera de blogues, e também na esfera real e quotidiana, que os amigos desaparecem, que “não acredito na amizade”, ou que “a desilusão de ter perdido o contacto com os amigos”, etc…

Na verdade, a amizade, como qualquer tipo de relacionamento, deve ser alimentada e, quando por qualquer motivo, o contacto se perde, há que reavê-lo, porque é nosso, pertence-nos, é um bem precioso a guardar como tesouro.

E é relativamente fácil. É só convidar os amigos para a nossa casa nova e dar-lhes umas trinchas, uns rolos e tintas e deixá-los pintar as paredes.
É vê-los rir de alegria, enquanto nos dão uma ajuda preciosa na erguer de um espaço que acaba por ter as suas marcas, indeléveis, como se passassem a fazer parte de um espaço que, apesar de privado, ganha a dimensão incomensurável dos afectos.











“We are all just people”.
E é nesta dimensão que nos vamos encontrando e revendo.
“Mind the gap between me and myself”.
Ou seja, encontrar o equilíbrio que nos permite distanciarmo-nos do umbiguito maroto e abrirmo-nos à experiência do espelho que são os que nos conhecem bem.

“Os amigos são para as ocasiões”, dizem.
E se não criamos as ocasiões?
Fica o vazio. Desaparecem as referências do tempo em que a brincadeira se prolongava pelos dias todos.

A vida pode ser, pelo menos de quando em vez, uma brincadeira pegada, mesmo quando o suor substitui a gargalhada, sempre à espreita, sempre disponível.

Brindemos, pois, olhos nos olhos, que os brindes não se fazem com o olhar no chão.


(Fotos: Ant)

sexta-feira, novembro 24, 2006

Os buracos...

... que um homem tem que tapar












para ficar com uma casa de jeito...


É que não há rins que aguentem...

... -se.













Volto já, assim que encher os buracos todos
ou a massa acabar.


(Fotos: João Freitas e Ant)
Os buracos...

... que um homem tem que tapar












para ficar com uma casa de jeito...


É que não há rins que aguentem...

... -se.













Volto já, assim que encher os buracos todos
ou a massa acabar.


(Fotos: João Freitas e Ant)

sexta-feira, novembro 17, 2006

Interrupções…

Volta a estar a ordem do dia a discussão sobre a interrupção voluntária da gravidez, uma expressão polida para fazer aborto.
Vou tentar explicar a minha posição de forma clara e abrir a discussão. Porque me parece pertinente, porque sim.

Primeira questão
Quem decide se deve ou não interromper a gravidez?
Há os que acham que as mulheres são donas do seu corpo, logo têm esse poder.
Ora eu penso que A + B pode não ser igual a C.
Quer isto dizer que, no limite, como houve dois a participar no acto que originou a gravidez, a responsabilidade e, logo, a decisão deverá, sempre, ser a dois.

Ora esta questão implica que os parceiros têm consciência do que é o acto sexual e quais as suas implicações e consequências.
Como sabemos isto não é bem assim. A maior parte das criaturas que se envolvem em relações ou relacionamentos (coisas distintas), não pensa muito no assunto até a coisa se dar.

Segunda questão
A partir de quando é que o feto é uma criatura?
Para mim, desde logo. Ou seja, uma célula é um ser vivo. Portanto na minha opinião a questão de abortar no dia seguinte ou 2 ou 6 meses depois é a mesma.
Claro que olhos que não vêm, coração que não sente (?).
O momento do aborto é de facto uma violência para a mulher. Mas para o seu companheiro a situação não é propriamente fácil. Porque essa violência é sobre a mulher que escolheu e que o escolheu.
Isto se falamos de uma relação. Amorosa ou mais íntima que um blind night stand (isto em inglês soa melhor…).

Terceira questão
As posições religiosas são muitas vezes interpretadas à luz de algum preconceito. Sim, que os ateus muitas não entendem e não querem entender o porquê destas opções.
A verdade é que, independentemente de considerarem mais ou menos conservadoras e ou idiotas as suas razões, quem não está envolvido espiritualmente com a vida tem dificuldade em olhar objectivamente estas opções.
Mas certamente concordarão que, quem encara a vida como uma passagem breve, na qual se aprende e se tenta ganhar um lugar especial num mundo incorpóreo mais elevado, não pode vir para a rua defender um acto que impossibilita aquela vida de evoluir e ganhar o seu espaço nesse outro mundo.

Quarta questão
Tendo em conta as anteriores perguntamos nós: mas e os padres, ministros de deus, políticos católicos e de outras religiões (com poder de decisão), não pagam altas verbas para o fazerem no estrangeiro, ou mesmo por cá à socapa?
Claro que sim. Claro que os haverá, bem como qualquer indivíduo incógnito.
Na minha opinião isso não inviabiliza a filosofia no seu âmago.
Somos pessoas, nada mais. Cometemos erros. Todos nós. E o preço a pagar tem a ver com a nossa consciência e não com aquilo que alguém pensa e julga sobre os nossos actos.

Em resumo, perguntam vocês e muito bem: qual é a tua opinião?
É fácil.
Entendo que as pessoas devem ser responsabilizadas prelos seus actos, logo devem poder optar.
É difícil.
Isto implica que as pessoas devem ter consciência do que representa o abortar, interromper o desenvolvimento de um ser que ali começou a germinar.
Complexo.
É mais fácil abrir as portas das salas de aborto que educar. Mas, repito, a responsabilidade é nossa. Sempre. Deus não é, na minha opinião, um velho barbudo sentado à espera de nos dar umas palmadas quando cometemos erros.

Legislação? Dêem-se às pessoas a liberdade e a responsabilidade de se amanharem com os seus actos.
Depois que se escamem com a sua consciência se a tiverem.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Conversas da treta

As sextas-feiras são dias de conversas da treta.
E o que são as conversas da treta (passe o descarado plágio)?
São encontros de amigos que se conhecem desde sempre, ou quase.

E de que falam os amigos ou quase?
De tudo um pouco, como se faz nos cafés, só que neste caso não há café.
Quer dizer… às vezes até há.

Um dos assuntos preferidos é os juízos de valor.
Não que se diga: falemos de juízos de valor. Não.
O que fazemos é mesmo juízos de valor.
Sobre quem? Sobre nós.
Uns dos outros, porque assim é que tem piada, porque assim é que nos vamos olhando olhos nos olhos.

Assim, vamos abrindo o jogo interno das nossas almas, tanto quanto o sabemos, podemos e queremos.

É isto a amizade, digo eu…

Ah e também falamos de blogues e tal…
É só rir.

Sim, as sextas-feiras são dias de só rir…
... e não só…



(Foto: Queriam hehehe...)

domingo, novembro 12, 2006

Na tua alma...














Gosto quando te toco internamente,
Quando te possuo ternamente,
Languidamente,
Suave,
Arrebatado

Gosto quando me perco
Nos braços da paixão
E te toco a alma


Pudesse eu,
Estaria sempre contigo…


(Foto: Diogo Andrez)

quarta-feira, novembro 08, 2006

Vícios…










Onde quer que estejam, não há nada a fazer…
Hehehehe


“I’m simply addicted to Money”
(In The London Paper, city girl – citygirl@thelondonpaper.com)

I have an addiction. My addiction gets me out of bed in the morning and plagues my thoughts and throughout the day. I’m addicted to money. Nothing else makes me as happy. After a pay rise or a bonus, I’m giddy for days on end.
There’s a few stipulations – it has to be my money and I must at least feel like I earned it. I’m ferociously independent and could never accept a man’s money (I know I’m unique).
(…) I learn from a very early age that money was the most important thing in my life.
Money provides comfort, security and can make happy in a way nothing else can. Anyone who says otherwise is lying and is probably poor.
In the city there are two types of well-paid worker. The first enjoys their job, is good at it and is consequently suitably rewarded. The other kind, and I am including myself in this lot, earn lots of money because they have no other choice. The need for money is too strong to be ignored and money must be made by any means necessary.
(…) In a society that has a particular disdain for ambitious women, would women admit it if they do? Is it as socially acceptable for a woman to be greedy as men?
Even though we teach our children not to be greedy, the same virtue in the City is encouraged and rewarded. In fact, the greedier you are the better you do. Greed is not only good; it’s a survival skill. I don’t think I have a problem and I’m certainly not ashamed as of my addiction... I am of course a workaholic, which means very little time and energy for a social life. And substantially less time and opportunities for dating, which in turn leads to a gut-wrenching fear that I’m going to die alone and childless.
But what the hell, I can afford a good therapist.

Como diz o meu amigo Liam: “We are just people…”



(Foto: Google)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Toco-te…














Até posso tocar com o dedo no céu
Deixar o olhar perder-se na transparência
Do teu
Fica mais um pouco
Um pouco mais

Até posso tocar o infinito
Abrir asas e pairar entre espaços
Adivinhar-te
Descansa e fica
Um pouco mais ainda

Porque na fronteira entre nós
Está o risco luminoso
Onde nunca estamos sós.


(Fotos Ant)