sexta-feira, julho 30, 2010

Lágrima...

Sobrepõe-se ao riso que me pedes.
Partes finalmente,
descansas.

Ficamos agarrados à carne
ofereces a alma

Vou agarrar a gargalhada
e tentar não chorar mais.

quinta-feira, julho 29, 2010

Longe...


Separados pelo tempo que ruge na sua importância
homens e mulheres atravessam o deserto
Depois, desencontrados no desejo
esperançados no beijo
enfurecem-se da sua prepotente arrogância

Longe, longe de mais para ter medo
Longe mas perto da melancolia de noites em branco
Ouvidos cansados da angústia
daqueles que lá longe
nada esperam a não ser o medo

Longe, longe de mais
enquanto o meu copo vazio
reflecte mil cores
e espera sem tempo certo
que a paisagem se chegue
mais perto


Foto (Luiz Filipe Navarro - recordar é viver)

quarta-feira, julho 28, 2010

Vês as sombras...


E a cegueira nas palavras...
Lês o que dizem de nós
os que aguardamos
outro final de cena...

Crês na fonte dos desejos
eterna juventude intensa
Para além dos temores
Para lá do olhar

Apetece-me rasgar cada estrofe
dilacerar cada sílaba
procurar para além de nós
outra percepção, outro mote

Empresta-se a faca que guardas longe dos olhares inúteis
Refresca-me a face queimada de tantas batalhas
Tu, só tu podes acalmar o fim da tragédia
trazer ao palco a comédia
onde princesas troçam com reis

Vês agora...
O que as sombras trouxeram ao meu olhar
Apesar de cada sílaba fugir ao temor
da faca de tantas batalhas...



(Foto: Marta Ferreira -Olhares.aeiou.pt)

terça-feira, julho 27, 2010

Somos...



Parecidos, tu e eu
Forçados pelo olhar da alma
ao silêncio mal contido

Eu ansiedade de novas cores
paleta de universos
pauta de outros sons, perfumes

Tu brisa calma conquistada
Vaga de mar vastíssimo
Ária não entoada, suspirada

Vejo-te deste lado do piano
como me vês desse lado da tela
Ouço-te quando danças
ouves-me quando me disserto

Descanso, lambo dores
Tranquilo Lar... ditosos licores




(Foto: Luis Lobo Henriques)

segunda-feira, julho 26, 2010

Acordo...


Não reconheço a paisagem
somente delicado aroma
doce
me recorda a viagem
longa

Imenso mar
sereno lago imenso
doce
este inigmático lar
calmo



(Foto: Ricardo... via Google)

quinta-feira, julho 22, 2010

Olho...


O sol encoberto pela neblina
Ou será a lua...

Perdi a consciência do que é dia
do que é noite

Luzes disformes na maré
onde páras, meu batel...

Fantasia de papel...

Respiro novas fábulas
diáfana paisagem
onde o medo capitula.

quarta-feira, julho 21, 2010


Spotlight... tesouro secreto algures num areal...













Estendo-me
Acompanho as ostras
dissimuladas
Cúmplice das pérolas

No limite
entardecer brumoso
o palco
trágico... cómico...

Resta um resto de manto intacto
Finita glória, final de história.

(Foto: algures no Google)

quinta-feira, julho 08, 2010

Inocência...

algures perdida no pálido
e obscuro
ritual de ideais consumidos

Cântico herético
do antes e do após
esfumado ideal consumido

Majestosa criança....

(D'age -Em Nome de Deus, Polygram 1992)