quinta-feira, julho 26, 2007
sexta-feira, julho 13, 2007
Dar um tempo…
Sempre pensei como reagiria se visse um amigo meu ou amiga, ser enganado (a) à minha frente, pela (o) namorada (o).
A ideia que tinha era resolveria a coisa dizendo qualquer coisa como “contas tu ou conto eu?”. Mas apercebi-me que não é assim tão fácil como isso.
Quando a vi subir as escadas rolantes aos beijos com um tipo que não era o meu amigo a sensação foi desagradável, algo penosa. Sobretudo porque imaginei a cena se fosse o próprio a assistir. E também porque fiquei sem saber, se fosse eu o traído, de que maneira gostaria que me fosse dito.
Esta é uma discussão que, entre nós, já tivemos algumas vezes. Já existiram circunstâncias que motivaram o assunto e o resultado nunca é pacífico.
- Olá. Então namorado novo?
- Namorado novo?... Quem é que te disse?
- Ninguém. Eu vi.
- Ah… pois… a vida continua, não é?
- Sim, claro. Não faço juízos de valor…
- Então estás bem?
- Mais ou menos. A X ligou-me. Disse que apareceu de repente um gajo do passado. Disse-me que ele a tentou beijar, ela não queria, mas depois ele lá conseguiu…
- Quando foi isso?
- Agora mesmo.
- Agora mesmo? Já calculava. Eu vi, falei com ela.
- Viste? E como é que foi o beijo?
- Olha esquece a X.
- Mas foi um beijo à séria, ou assim…
- É pá foi um beijo.
As coisas não estavam bem. A relação tinha decaído. Acontece muito. As relações vão-se extinguindo e substituídas por outras rapidamente.
A vida quotidiana está acelerada e, com ela, as relações amorosas transformam-se em relacionamentos rápidos, efémeros, de consumo mais ou menos imediato.
Não é isso que me choca.
O que me choca, se é que ainda me choca, é a leviandade com que se assumem compromissos e logo a seguir se desfazem, a troco de uma nova e excitante novidade.
Então damos e pedimos um tempo…
Mais vale não haver compromisso.
As trocas afectivas são muito mais que noites (ou dias…) bem passados em excitantes sessões de sexo desenfreado.
No fim, resta a memória de uma maior ou menor competência dos parceiros para se satisfazerem num momento breve e fátuo. No limite, ninguém, ou a maior parte de nós, quer ou pode comprometer-se com o outro, por motivos estritamente pessoais e que não são passíveis de juízo de valor.
Diferente é servirmo-nos do outro e deixá-lo pendurado até aparecer um novo príncipe ou princesa só para não enfrentarmos a solidão a que não soubemos fugir, porque incapacitados para assumir a nossa condição de predadores em busca de carne nova em cada esquina.
(Foto: Nuno Belo)
Sempre pensei como reagiria se visse um amigo meu ou amiga, ser enganado (a) à minha frente, pela (o) namorada (o).
A ideia que tinha era resolveria a coisa dizendo qualquer coisa como “contas tu ou conto eu?”. Mas apercebi-me que não é assim tão fácil como isso.
Quando a vi subir as escadas rolantes aos beijos com um tipo que não era o meu amigo a sensação foi desagradável, algo penosa. Sobretudo porque imaginei a cena se fosse o próprio a assistir. E também porque fiquei sem saber, se fosse eu o traído, de que maneira gostaria que me fosse dito.
Esta é uma discussão que, entre nós, já tivemos algumas vezes. Já existiram circunstâncias que motivaram o assunto e o resultado nunca é pacífico.
- Olá. Então namorado novo?
- Namorado novo?... Quem é que te disse?
- Ninguém. Eu vi.
- Ah… pois… a vida continua, não é?
- Sim, claro. Não faço juízos de valor…
- Então estás bem?
- Mais ou menos. A X ligou-me. Disse que apareceu de repente um gajo do passado. Disse-me que ele a tentou beijar, ela não queria, mas depois ele lá conseguiu…
- Quando foi isso?
- Agora mesmo.
- Agora mesmo? Já calculava. Eu vi, falei com ela.
- Viste? E como é que foi o beijo?
- Olha esquece a X.
- Mas foi um beijo à séria, ou assim…
- É pá foi um beijo.
As coisas não estavam bem. A relação tinha decaído. Acontece muito. As relações vão-se extinguindo e substituídas por outras rapidamente.
A vida quotidiana está acelerada e, com ela, as relações amorosas transformam-se em relacionamentos rápidos, efémeros, de consumo mais ou menos imediato.
Não é isso que me choca.
O que me choca, se é que ainda me choca, é a leviandade com que se assumem compromissos e logo a seguir se desfazem, a troco de uma nova e excitante novidade.
Então damos e pedimos um tempo…
Mais vale não haver compromisso.
As trocas afectivas são muito mais que noites (ou dias…) bem passados em excitantes sessões de sexo desenfreado.
No fim, resta a memória de uma maior ou menor competência dos parceiros para se satisfazerem num momento breve e fátuo. No limite, ninguém, ou a maior parte de nós, quer ou pode comprometer-se com o outro, por motivos estritamente pessoais e que não são passíveis de juízo de valor.
Diferente é servirmo-nos do outro e deixá-lo pendurado até aparecer um novo príncipe ou princesa só para não enfrentarmos a solidão a que não soubemos fugir, porque incapacitados para assumir a nossa condição de predadores em busca de carne nova em cada esquina.
(Foto: Nuno Belo)
quinta-feira, julho 05, 2007
A culpa dos outros…
Frequentemente ouço e leio sobre os malvados. Os maus que “não me dão importância”. Porque são maus.
Constantemente culpo quem não conheço. Mesmo a ti que vejo e revejo. Apetece culpar alguém pela limitação que, afinal, é minha.
Palavras que se ouvem sobre a estupidez dos outros, e da “minha inteligência maior que todas as inteligências”.
Depois “quedo-me no escuro do meu quarto escuro. Ali fico na solidão de uma alma a quem pouco ou quase nada apetece.”
Frequentemente as tuas palavras são de dor e abandono. Mas eu sei que dificilmente queres ter a teu lado um qualquer outro.
Porque tens a dor de um momento que deixou fragmentos de odores e paladares. De risos e abraços e olhares cúmplices.
É por isso que me canso de tantas viagens à tua procura. Porque, no fim, apenas me deixas o resto para dizer e não me escutas.
Afinal, também eu, como tu, invento culpados para a minha mediocridade e medos. Para os limites da minha consciência.
(Foto:José Daniel)
Frequentemente ouço e leio sobre os malvados. Os maus que “não me dão importância”. Porque são maus.
Constantemente culpo quem não conheço. Mesmo a ti que vejo e revejo. Apetece culpar alguém pela limitação que, afinal, é minha.
Palavras que se ouvem sobre a estupidez dos outros, e da “minha inteligência maior que todas as inteligências”.
Depois “quedo-me no escuro do meu quarto escuro. Ali fico na solidão de uma alma a quem pouco ou quase nada apetece.”
Frequentemente as tuas palavras são de dor e abandono. Mas eu sei que dificilmente queres ter a teu lado um qualquer outro.
Porque tens a dor de um momento que deixou fragmentos de odores e paladares. De risos e abraços e olhares cúmplices.
É por isso que me canso de tantas viagens à tua procura. Porque, no fim, apenas me deixas o resto para dizer e não me escutas.
Afinal, também eu, como tu, invento culpados para a minha mediocridade e medos. Para os limites da minha consciência.
(Foto:José Daniel)