quinta-feira, maio 31, 2007

Os putos...

Aqui há dias alguém me disse “é pá, vocês são todos uns miúdos com corpo de homem...”, a propósito dos meus amigos. Daqueles que conheço há tantos anos que já nem me lembro, que não se deixam enganar por tretas (porque dão logo por elas, mesmo que não digam nada... e nós sabemos...), enfim, dos amigos que se nos dão umas pancadinhas nas costas, também nos dão com uma marreta quando se justifica.
O alguém em causa é uma mulher e não é nada parva, diga-se, e aquilo não foi bem um elogio, embora não fosse, também, uma crítica em si mesma.


Bem... pensei eu... não é completamente mentira... a malta tem algumas tiradas imberbes, das que só podem ser entendidas à luz de uma vivência particular e específica.

Mas isso pouco interesse tem.
O que é engraçado é que de repente me pareceu óbvio que a grande maioria de nós, os homens, somos mesmo uns putos.
E porquê? Perguntam eles de pé atrás, enquanto elas dizem, rindo a bandeiras despegadas que “sim, sim... grande verdade”, aproveitando a oportunidade para cascar no pessoal.

A ideia em si mesma já me fez rir.
Na verdade, a maioria das coisas, para nós, são passam de brinquedos. Brinquedos que, mesmo bem guardados e tratados com carinho, têm um prazo de validade, que perdem a piada com o uso, que devem ser maiores e melhores que os do amigo, enfim, brinquedos que, como qualquer brinquedo, são comparáveis, substituíveis, e para desmontar.
(Abro parênteses para confessar que acho esta ideia mais divertida que a invejazita – e essa nada infantil mas de maldade refinada – que as senhoras têm umas contra as outras a propósito dos seus brinquedos... Quem nunca reparou os olhares invejosos para os sapatos, a saia, as pernas, o companheiro... “daquela megera que tem uma sorte do caraças...”)

Ao contrário delas (generalizando, claro...), que levam tudo, ou quase, a sério, a vida para nós é uma brincadeira pegada.
É o futebol, o carro, a mota, a namorada ou mulher ou amante ou isso... a casa, a escola, o emprego, etc. etc., tudo serve para brincar. As consequências da brincadeira às vezes são dramáticas, claro, mas tudo se resolve com uma piada ou uma brincadeira nova, seja lá ela qual for.
E, se putos mimados, quando contrariados fazemos birra e amuamos ou então e outra vez, a estratégia da brincadeira é a fuga fácil que evita o castigo, contra a parede e sem brincar durante uns dias...

Agora, é isto mau em si mesmo? No essencial? Não me parece.
A verdade é que a vida é uma brincadeira pegada.
Os nossos bens (mas são mesmo nossos?), não passam mesmo de brinquedos que depois de usados perdem o brilho e a piada.
Os nossos entes queridos são afinal criaturas que não nos pertencem de facto. O uso do “minha”, “meu”, é tão efémero quanto inútil.


E os nossos bens (casa, carro e outros), são, afinal, a maior parte das vezes cativos e, à primeira oportunidade, passam para os credores que, amavelmente, os emprestaram para irmos brincando.

E nós, assim de repente ficamos, sem mais, de mãos a abanar.




(Fotos: por aí...)

terça-feira, maio 29, 2007

Deixemo-nos de poesia...















Que é bonita e sabe bem mas da maneira como isto está só apetece é ser ordinário mesmo.
Apetece não cuidar das palavras, esquecer o polimento, as boas maneiras e usar termos pouco politicamente correctos, feios mesmo, daqueles que fazem corar uma rameira.

Vejamos:
Ministros que, em nome de um projecto qualquer (ok, ok... o desenvolvimento, a ligação com o mundo, etc. etc.), sem argumentos e sem inspiração (como eu...), simplesmente agudizam um estigma que, longe de ser benéfico, só estimula maior desagregação entre A CAPITAL.... huuuuu.... e o resto do país, nomeadamente a tal Margem Sul, coito de terroristas e delinquentes, onde ninguém se preocupa e nada faz.
É claro que historicamente haveria que equacionar algumas opções de desenvolvimento mas... Mas chega de falar do homem. Toda a gente lhe anda a bater.

E que falar da cultura do bufo? Sim eles andam aí e cheios de ganas...

Boys, jobs e a falta dos mesmos.
Pois é. A factura a pagar pela concorrência com outros países com maior competitividade é grave e penosa.
Como é que se compete com a China ou Taiwan, Tailândia e outros? Como é que se pode competir com países onde as pessoas não são trabalhadores mas escravos?
Sim eu sei que escravos há em todo o lado até na nossa bela Europa e nos USA.
Mas mesmo assim...

Festivais e canções... Eurovisão 2007. Portugal transporta na maleta de cartão uma cantiga (é assim que se diz....) com cheiro a poeira da estrada e das feiras de interior.
Não posso dizer que era a pior porque não vi aquilo tudo. Vi o bastante, no entanto, para perceber que estes tipos andam a leste (quer dizer... se andassem a Leste, teriam reparado que esses andam atentos), da música que se faz e se consome e dá alguma dignidade aos concorrentes. Ninguém percebe que aquilo não é uma feira? Ali há investimentos a sério.
Como noutras matérias, investe-se no óbvio bacoco, deselegante e ineficaz.
Nem se põe a questão da rapariga até ser engraçada e ter voz.
Dêem-lhe é uma canção, ora bolas.
Mas com ministros que dizem daquelas.... ok não se fala mais nisso.

E a Câmara de Lisboa?
É só rir...

E depois, apetece-me perguntar se alguém desse grupo de iluminados (com ou sem licenciatura...) que dirige esta flor junto ao mar plantada, já pensou de que maneira de desenvolve o país no seu melhor trunfo que é o turismo?
E o interior? Talvez um ou dois estadios.... ah pois já não há Euro nem nada...

Um amigo meu definia muito bem o que penso sobre isto: “Isto é um país a brincar:”

E haveria muito mais e melhor que dizer... mas não temos tempo... Apenas que é triste porque com estas incertezas, nos vão corroendo por dentro e criando buracos difíceis de preencher.

E depois, onde arranjamos nós boa disposição até para os afectos?
Onde fica o desejo de partilhar?
Partilhar o quê? Um conjunto de misérias existenciais? Estigmas de passados?


Pronto, tá bem, acordei com neura... E depois?
Sabem quanto custa um analista? Pois é.
Depois queixam-se que anda tudo cinzento e o caraças.



(Foto: da net...)

sexta-feira, maio 25, 2007

Adiar...





o acordar





a partida

o possível

a leitura

os códigos








Tanto tempo


tempo de mais





Agora resta o olhar


que já não quero adiar...



(Foto:Anabela Luís)

segunda-feira, maio 21, 2007

Todas as cores…



Cor,


Todas…


Tudo é nada




O ritmo do sangue
Cremado
Dissipado











Passagem
No limite da cegueira
Interior…
Fogueira…


Além
Linha
Do horizonte
Impreciso
Distante

Queda
Olhares,

Desejos
Beijos… beijos…









Tudo e nada
Na prisão da liberdade
No olhar
No olhar
No olhar sobre o que fica


(Fotos: Google)

terça-feira, maio 08, 2007

Branco…

Voltar ao branco.
É como que… como que se regressasse a um princípio qualquer, ao início da aventura, da diversão, do gozo.
Até os Beatles tiveram o seu álbum branco. Estranho, ambíguo, confuso, belo…
A limpeza é quase total…

O branco é, supostamente, ausência de cor. O negro supostamente representa a ausência de luz.
São opiniões, senso comum.
Eu gosto do branco. As páginas em branco, assustadoras, são desafios.

Preferi o branco. O eterno retorno não existe. Existe apenas uma ideia de retorno, um desejo de regresso ao princípio do círculo.
Mas a vida é uma espiral. Mesmo que apertadinha, a curva abre-se e ao passar pelo princípio do risco, afasta-se desse momento primeiro.

Por isso, neste retorno ao branco inicial vou, ali ao lado, limpar uns links que estão a mais, porque fecharam, porque sim, abrir outros que me parecem interessantes e que, por motivos vários, nunca ali estiveram.

Os links devem ser, na minha opinião, entradas para espaços, dos conhecidos, considerados interessantes.

O branco regressa. A inspiração, essa… bem, logo se vê…

domingo, maio 06, 2007

Às partidas...

Este é um post diferente.
Sem inspiração e sem motivação, vou escrevendo umas coisas de tempos a tempos, à espera que passe a maleita.

Estava eu a pensar nos comentários que ainda aparecem, apesar da falta de retribuição de visita, e dos e-mails que recebo, de alguns amigos (uns virtuais, outros que conheço de antes deste espaço e outros que fui conhecendo por causa disto), estava portanto eu a pensar nesta corrente curiosa que se stabelece entre pessoas que mal ou mesmo nada se conhecem.

Os mails eu ainda vou lendo e respondendo. E também, como todos os outros, vou sabendo que alguém visitou o blogue qunado vou ver a correpondência.

Então aproveito para ir aos favoritos e dou uma pasagem rápida pelos blogues que gosto. Umas vezes uns, outras vezes outros.

Hoje dei com mais uma desistência. De quando em vez acontece.

É a falta de motivação e prazer em manter isto, é a desilusão de uma globalidade que por vezes é perversa, enfim, seja pelo que for alguns vão fechando.

Foi o que aconteceu com um dos meus favoritos. O blogue da gata fechou. Tal como os outros vou mantê-lo ali nos links.


Faço referência a este blogue porque, de facto, é um espaço de escrita fantástico e dos que faz mesmo pensar... pronto lá está o mau feitio... caraças...

Faço referência porque vou ter saudades das crónicas, dos contos, das estórias, do humor e da sátira.

Porque vou ter saudades da pertinência dos comentários da Caiê.


Mas porque um dia todos iremos partir, seja lá porque for, est post é também a manifestação de que, ao contrário do que diz um conhecido intelectual, através destas escritas se vão passando afectos, ódios, desejos, amor e desalento.


Acreditem ou não este post é, como todos os outros, dedicado a todos vós também.