Saudade...
“Quem mostra' bo ess caminho longe? Quem mostra' bo ess caminho longe? (...)
Sodade sodade sodade...”
Cesária Évora
Tinham-se encontraram-se em Paris, algures perto de Notre Dame. Ele cumpria um sonho antigo, ela aproveitava o sol de Outono para se espraiar longe do trabalho.
Conheciam-se de sempre, do tempo em que a escola era castigo. Tinham vivido lado a lado, ela de sainhas e soquetes, ele de calçonitos e sandálias, até aos primeiros prazeres da juventude, da liberdade conquistada a pulso. A amizade sempre mais que tudo, mais que desejo... mais que tudo.
Ela tinha partido cedo, para longe, para o centro do mundo, onde tudo se passava. A ternura, essa, alimentavam-na por cartas. Os casamentos, os filhos, os divórcios. E ela viajando, sempre, buscando conhecimento. E ele buscando-se nas partituras do piano, na espiral de sucessos imberbes, ficando, ficando...
Mas ali, em Paris, a solidão dela aninhou-se na alegria de sonho cumprido, dele. Percorreram a cidade, cada recanto, cada sabor, cada miragem.
E foi na miragem, de improviso, que se deleitaram se deixaram possuir pelos desejos.
Na hora da partida, a promessa de nunca se perder a ternura.
Pela janela do avião, ele procurava-a.
Imaginava-a percorrendo a cidade ainda em busca de uma paz que demorava e que tinha aprendido a esquecer. Domando a saudade e a solidão.
Deixou-se repousar enquanto pensava no regresso, inevitável.
Lá, a solidão também existia. Mas era tolerada pelo sol de todos os sorrisos que colhia nos rostos e nas palavras, que só os afectos sólidos podem oferecer.
(Foto: Rosalina Afonso)
“Quem mostra' bo ess caminho longe? Quem mostra' bo ess caminho longe? (...)
Sodade sodade sodade...”
Cesária Évora
Tinham-se encontraram-se em Paris, algures perto de Notre Dame. Ele cumpria um sonho antigo, ela aproveitava o sol de Outono para se espraiar longe do trabalho.
Conheciam-se de sempre, do tempo em que a escola era castigo. Tinham vivido lado a lado, ela de sainhas e soquetes, ele de calçonitos e sandálias, até aos primeiros prazeres da juventude, da liberdade conquistada a pulso. A amizade sempre mais que tudo, mais que desejo... mais que tudo.
Ela tinha partido cedo, para longe, para o centro do mundo, onde tudo se passava. A ternura, essa, alimentavam-na por cartas. Os casamentos, os filhos, os divórcios. E ela viajando, sempre, buscando conhecimento. E ele buscando-se nas partituras do piano, na espiral de sucessos imberbes, ficando, ficando...
Mas ali, em Paris, a solidão dela aninhou-se na alegria de sonho cumprido, dele. Percorreram a cidade, cada recanto, cada sabor, cada miragem.
E foi na miragem, de improviso, que se deleitaram se deixaram possuir pelos desejos.
Na hora da partida, a promessa de nunca se perder a ternura.
Pela janela do avião, ele procurava-a.
Imaginava-a percorrendo a cidade ainda em busca de uma paz que demorava e que tinha aprendido a esquecer. Domando a saudade e a solidão.
Deixou-se repousar enquanto pensava no regresso, inevitável.
Lá, a solidão também existia. Mas era tolerada pelo sol de todos os sorrisos que colhia nos rostos e nas palavras, que só os afectos sólidos podem oferecer.
(Foto: Rosalina Afonso)
9 Comentários:
Um porto de abrigo??
Acho que todos nós temos um local onde nos refugiamos quando nos cansamos dessa procura incessante..
Gostei muito do texto, como sempre, brilhante.
Beijos e abraços
Marta
Hummm continuas a escrever com magia... :)
Sim, brilhante!
a felicidade são "momentos felizes". passe o lugar comum...
o texto excelentemente (d)escrito.
abraços
vi um filme há pouco tempo, com um enredo centrado num encontro, Paris, posses e desejos...
foi fixe, uma história que toda a gente quer viver
aquele abraço
Gosto tanto, tanto desta musica.
O texto excelente, reporta me a outras memorias e outras saudades.
bjinhos
Um texto excelente!
P.S.
Não percebi o teu comentário:
"estás de mau humor, o que é natural...
fuck... como diz o nossa revelação mais recente... :))"
Não é verdade. Estou "na maior". Porque havia de estar de "mau humor"?
e assim consegues trazer sobre as águas as várias saudades....de Paris e de Cabo Verde...
lugares onde costumo repousar...
outro é aqui.
sobre as tuas palavras.
beijo______________________te.
Linda, esta fotografia ...
belíssima esta " viagem "
Abraço mágico
olha....ele há coisas....acabei agora mesmo de roubar tb esta...
:)
sorry.
_____________a minha amiga Isabel Victor é como eu....
:)
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