No vazio…
Saiu de casa com aquela sensação de vazio no peito que tantas vezes sentira antes. Aparentemente não havia motivo nem ele saberia dizer porque se sentia tão triste.
A noite correra bem.
Um jantar bem preparado, uma saída agradável, o regresso pleno de desejos que, antecipadamente, sabia iam ser satisfeitos.
Enroscados no sofá, entretiveram-se com um filme que há muito queriam ver juntos. O chá ia sendo bebericado calma e longamente, em vez dos habituais Porto ou a velhíssima aguardente que guardavam para momentos como este.
Nos intervalos, que não gostavam de perder o enredo, comentavam a história, enquanto as carícias os mantinham próximos e prendiam os desejos ao ardor que adiavam consumir.
Ainda se ouvia a banda sonora, terminado o filme, já trocavam beijos, já as mãos se precipitavam para o interior da roupa, dos corpos, da alma.
Quando, cansados, adormeceram, ficara no ar um sentimento estranho. Não era nada. Nunca era nada. Era apenas a sensação de que algo ficara por dizer ou por fazer.
Saiu de casa e andou até ao carro. E andou, andou, à procura do momento em que a ternura se tinha esgueirado através da brisa entre o olhar de amor e o desalento que, sem se aperceber, se tinha instalado.
(Foto: Luís António Alves)
Saiu de casa com aquela sensação de vazio no peito que tantas vezes sentira antes. Aparentemente não havia motivo nem ele saberia dizer porque se sentia tão triste.
A noite correra bem.
Um jantar bem preparado, uma saída agradável, o regresso pleno de desejos que, antecipadamente, sabia iam ser satisfeitos.
Enroscados no sofá, entretiveram-se com um filme que há muito queriam ver juntos. O chá ia sendo bebericado calma e longamente, em vez dos habituais Porto ou a velhíssima aguardente que guardavam para momentos como este.
Nos intervalos, que não gostavam de perder o enredo, comentavam a história, enquanto as carícias os mantinham próximos e prendiam os desejos ao ardor que adiavam consumir.
Ainda se ouvia a banda sonora, terminado o filme, já trocavam beijos, já as mãos se precipitavam para o interior da roupa, dos corpos, da alma.
Quando, cansados, adormeceram, ficara no ar um sentimento estranho. Não era nada. Nunca era nada. Era apenas a sensação de que algo ficara por dizer ou por fazer.
Saiu de casa e andou até ao carro. E andou, andou, à procura do momento em que a ternura se tinha esgueirado através da brisa entre o olhar de amor e o desalento que, sem se aperceber, se tinha instalado.
(Foto: Luís António Alves)
8 Comentários:
É, a rotina é uma coisa tramada.
Não quer dizer que não se sinta, a questão é que comodamente nos vamos habituando a reservar essa manifestação, pura e simplesmente por se achar que já não vale a pena, é ponto assente.
Por vezes aparecem dúvidas, outras vezes ‘um sentimento estranho, ou uma daquelas sensações..
..bem tu sabes.
:|
aquele abraço de sempre
As coisas bonitas da vida. assim , em forma de palavras.
viver é complicado. e a ternura difícil. já se sabia...
e o teu texto dá-lhe o "sentimento" certo. abraços
é.
era a "vindima do silêncio"....
(tu tb.)
nas horas longas que vimos partilhando)
bei_________________jo___________te.
Meu caro António:
- Gostei, mas gostei verdadeiramente do texto. Talvez porque o mesmo tenha algo a ver com muitos de nós.
Destaco o final:
"Não era nada. Nunca era nada. Era apenas a sensação de que algo ficara por dizer ou por fazer.
Saiu de casa e andou até ao carro. E andou, andou, à procura do momento em que a ternura se tinha esgueirado através (d)a brisa entre o olhar de amor e o desalento que, sem se aperceber, se tinha instalado."
Abraço
P.S. - Não queres enviar um texto para o blog "S.O.S. Miséria"? É um tema que sempre te disse algo e consta dos n/links sob essa referência.
Que texto esse...!
Delicioso de ler, como chá que sorvo e queima.
Tou aqui Ant, no vazio...
já me disseram: para amar é necessário tempo
e detesto rotina...
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