O mais longo adeus…
Pensava que tinha perdido a inocência quando bati com a porta e saí à procura de uma nova felicidade.
Pensei que a ingenuidade se tinha gasto nesse momento, breve, nesse instante em que, do lado de for a, olhei a madeira que me separava de um tempo já ausente.
Pensei tantas coisas…
Foi preciso o outro adeus, mais doloroso, mais libertador, também, para entender que afinal a inocência se tinha perdido naquele último esgar de raiva e de tristeza – eu não os consegui nunca separar –, para entender que afinal ainda guardava uma réstia dessa inocência já inadmissível.
Então olhei para o mundo e o meu olhar era um outro olhar.
Sôfrego de vida, alimentei-me de momentos efémeros. Deixei-me errar ao sabor do éter, do sol, da noite.
E este último adeus é o mais sincero e doloroso de todos.
Renascer implica abandonar.
Já não me visto de branco. O negro combina melhor com a partida.
Fica-me a cumplicidade de um piscar de olhos.
… O passado é uma mancha… o futuro a miragem do desejo…
Pensava que tinha perdido a inocência quando bati com a porta e saí à procura de uma nova felicidade.
Pensei que a ingenuidade se tinha gasto nesse momento, breve, nesse instante em que, do lado de for a, olhei a madeira que me separava de um tempo já ausente.
Pensei tantas coisas…
Foi preciso o outro adeus, mais doloroso, mais libertador, também, para entender que afinal a inocência se tinha perdido naquele último esgar de raiva e de tristeza – eu não os consegui nunca separar –, para entender que afinal ainda guardava uma réstia dessa inocência já inadmissível.
Então olhei para o mundo e o meu olhar era um outro olhar.
Sôfrego de vida, alimentei-me de momentos efémeros. Deixei-me errar ao sabor do éter, do sol, da noite.
Andei por mesas de fumo, de álcool, de putas, de sorrisos fáceis, de toques inócuos. Enganei e fui enganado. Corrompi e fui corrompido.
No meio desta viagem aprendi a parar o tempo. Como fotografia ou pintura, retive na mente os instantes. Arquivei-os numa qualquer gaveta onde os posso ir consultar, onde me interrogo, onde me afirmo.
Empiricamente, que de científico apenas tenho as minhas razões, a minha vontade, adivinho as consequências de todos os actos.
Sei. Apenas sei que sei. E é por isso que também tenho a certeza de que as minhas certezas apenas são minhas. É a minha prerrogativa.
No meio desta viagem aprendi a parar o tempo. Como fotografia ou pintura, retive na mente os instantes. Arquivei-os numa qualquer gaveta onde os posso ir consultar, onde me interrogo, onde me afirmo.
Empiricamente, que de científico apenas tenho as minhas razões, a minha vontade, adivinho as consequências de todos os actos.
Sei. Apenas sei que sei. E é por isso que também tenho a certeza de que as minhas certezas apenas são minhas. É a minha prerrogativa.
Um dia saltei do anonimato e quis dançar ao som de novas músicas.
De algum modo encontrei par e perdi e encontrei e perdi e encontrei… e perdi… e encontrei…
Mas no fim da dança fica a sala vazia.
Encontrei o repouso no meu quarto mais escuro.
Encontrei um novo recomeço.
O fim de um tempo é sempre o início de uma nova viagem.
Escolhi o regresso às origens de um eu que se tinha escondido numa cama confortável e macia.
Decidi construir o meu próprio leito e fazer a cama com os lençóis que eu próprio escolhi.
Agora, um passo de cada vez, sempre longe das paixões – cruéis porque ilusórias e fátuas – caminho para os limites da consciência, para as margens da vida.
De algum modo encontrei par e perdi e encontrei e perdi e encontrei… e perdi… e encontrei…
Mas no fim da dança fica a sala vazia.
Encontrei o repouso no meu quarto mais escuro.
Encontrei um novo recomeço.
O fim de um tempo é sempre o início de uma nova viagem.
Escolhi o regresso às origens de um eu que se tinha escondido numa cama confortável e macia.
Decidi construir o meu próprio leito e fazer a cama com os lençóis que eu próprio escolhi.
Agora, um passo de cada vez, sempre longe das paixões – cruéis porque ilusórias e fátuas – caminho para os limites da consciência, para as margens da vida.
E este último adeus é o mais sincero e doloroso de todos.
Renascer implica abandonar.
Já não me visto de branco. O negro combina melhor com a partida.
Fica-me a cumplicidade de um piscar de olhos.
… O passado é uma mancha… o futuro a miragem do desejo…
(Fotos: Ant, Luís Neto, Luís António Alves, Paulo de Sousa e Google)
6 Comentários:
Li as tuas palavras de uma só vez... e nada mais posso dizer perante uma forma tão sentida de expressão! Por isso deixo um beijo e vou reler de novo, e de novo...!
E, eu fico sem saber o que pensar...
Estou dividida - muito; de repente, fiquei com vontade de chorar...Profundamente!!!
Releio depois; agora não consigo!!
Beijos e abraços
Marta
Ok, um bom princípio de autobiografia, de uma qualquer autobiografia de alguém, e o princípio porque ainda falta muito viver para essa biografia final, não póstuma, não precoce, como todos desejamos que seja, auto.
Aquele abraço de sempre
Riubaste me umas lagrimas.
bom renascer Ant!
bjinho
«(...)Agora, um passo de cada vez, sempre longe das paixões – cruéis porque ilusórias e fátuas – caminho para os limites da consciência, para as margens da vida. (...)»
...
Estas palavras olharam-me de frente, como memória avivada do presente. Senti-as como um grito face a um espelho.
Reconheceram-me, as tuas palavras.
Ni*
Um BJ
li de uma só vez, pq seria impossível parar.
Gostei
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial