sexta-feira, dezembro 08, 2006

Afectuosamente...
















Leio muitas vezes na net e escuto muitas vezes em muitos sítios que “há défice de amor e carinho”, que a “amizade não existe”, que os “afectos se esgotaram” e outras coisas do género.
Mas a verdade é que quando a manifestação, ou a exposição desses atributos todos, é manifestada, algo de estranho se passa.
Já me apercebi que, afinal, quando a maior parte de nós sente que o amor é desinteressado, superior, etc., afinal, bastas vezes, apenas estamos à espera do aconchego, do mimo, do quentinho.
É por isso que cada dia que passa se sente a densidade da solidão colectiva.
Há tanta gente que se vai perdendo em fugas, em relacionamentos (não relações), quase diários, que depois, quando este modelo é dissecado à nossa frente, simplesmente não acreditamos.
E cada vez mais, se fica no vazio de encontros fortuitos, às escondidas, no limite do risco.
O post anterior refere-se ao início (ou tentativa de) de uma relação lésbica. Poderia ter sido uma conversa entre dois homens.
Poderia ter sido entre um homem e um mulher.
“Vem ter comigo!!”. Este grito, já o escutei muitas vezes. Já o gritei também.

A homossexualidade é uma questão tão delicada como a do aborto.
Em ambos os casos há sofrimentos, opções, olhares, culpa, medo, etc.
É claro que nem sempre, nem tudo, entendo.
É claro que todos fazemos, mais ou menos, juízos de valor.

Continuo com aquela frase (um dia destes faço um t-shirt): We are just people.
É muito óbvio.
Será?
Às vezes há pormenores que nos escapam, só porque estão sempre ali. Presentes.


(Foto: Levindo Carneiro)

8 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Sabes, a vida é muito complicada, apesar de haver sempre quem diga que a vida é simples, nós é que a complicamos, o facto é que somos nós e de nós que a vida é feita. Aos nossos olhos e ao nosso entendimento, as atitudes dos outros são de clara análise, e logicamente de fácil resolução, isto em relação aos problemas, porque em relação às virtudes, bem, ‘tinha de fazer o que devia, bem feito’, ajuizamos nós como juízes dos outros, mas só dos outros.

A homosexualidade é precisamente um bom exemplo, os juízos de valor que um hetero faz, são pura e simplesmente inconsequentes, pura e simplesmente porque não se consegue sentir o que um homo sente, pura e simplesmente porque não se é homo.

Mesmo nas relações ‘normais’, a complexidade não muda, seria bom termos um botãozinho de sintonia, bastava um momento, rodar o botãozinho para um lado e para o outro, sintonia feita, vamos lá levar a vida para a frente; haveria de ser uma chatice a vida assim, diriam muitos, mas quem é que gosta de ver a mulher que adora, adorar o fulano lá do canto, ou vice-versa, e ‘versa-vice’ também, porque esta diálise é de sobremaneira ‘complexazinha’, porque de olhos bem abertos anda toda a gente, a gostar duns, relacionar-se com outros, e a acabar com terceiros. E mesmo quando achamos que a coisa é certa, haverá sempre uma verruga que passou ao controle, ou um ronco até à data desconhecido, e lá está tudo estragado outra vez, e lá começa tudo outra vez.

Atenção, que coloquei o normal das relações entre aspas, não para não ferir susceptibilidades, mas para deixar margem de análise à definição desse tipo de relações, apesar de achar que relacionamentos homosexuais, não são normais. Esta minha opinião, visto eu não sentir como um ‘homo’, e logo não o entender, baseia-se em esttudos de carácter científico, feitos por Allan e Barbara Pease, nesta matéria.

O próprio aborto, tema complexo como referiste, chocou de frente com esta sociedade ‘reactiva’ em que vivemos, posso até concordar que o aborto deixe de ser penalizado criminalmente, e que seja realizado, quando for necessário, em locais adequados para o efeito, hospitais, clínicas, etc., mas sou muito mais adepto da consciencialização e responsabilização das mentes, e não só das adolescentes, também eles, terão de ter a noção que a posse, a luta pelo estatuto tem de ficar isolada do amor e das relações sexuais que eles constroem nas suas mentes aventureiras, e dos pais que têm de entender que o estrógeno e a progesterona irão cumprir o seu papel nas moças, assim como a testosterona o irá fazer nos moços, e a agressividade que dela advém no comportamento global destes, desde que a formação seja sustentada e bem alicerçada, e isto é papel dos pais, podem muito bem ser utilizada a ‘partir ondas’ a surfar, fazer uma tarde inteira de ‘peladinha’, ou dar uns pontapés num saco de boxe, e levar uma noite inteira a fazer sexo com a namorada, com preservativo, com a toma da pílula em dia, e isto é ser preventivo.

Se o caminho fosse este, certamente não estaríamos a assistira a estes espectáculos descaracterizados e deprimentes de campanhas a favor e contra ao ‘aborto’, de ‘vulvas abortivas’ a alardear pela ‘LEI E PELA JUSTIÇA’, como se soubessem o que isso é, mentecaptos apinocados de dedo estendido à procura de protagonismo, quando se a amante que têm escondida no escritório engravidasse eram os primeiros a atirar-lhe o ‘tira’, à cara.

Esta ‘reactividade’ está estendida por todo o quotidiano, as pessoas habituaram-se a reagir a tudo, “-…a vida é mesmo assim, é para ser gozada”, dizem eles, dizem todos, a própria vida fica descaracterizada, e a amizade ainda será o sentimento que mais é afectado, temos um amor, mas temos vários amigos, na amizade há mais margem de relação, mas infelizmente também aqui não se entende que, como num rio as duas margens não são iguais, os amigos não são todos iguais,embora o termo amizade seja encarado como universal, amigo é amigo, essa universalidade é a ‘reactividade’ que se tem e relação à amizade. Definir a amizade até não será difícil, bem, basta olharmos para a(s) pessoa(S) que mais gostamos, e procuramos em nós, o que em nós nos faz ter saudades de estar com esse(s) amigo(s), aí está grande parte da definição, e o resto a responsabilidade de ‘SER AMIGO’, alguém pensa nessa parte da amizade?

(continua) (tenho de ir com um amigo ao IKEA às compras)

12:58 da tarde  
Blogger Teresa Durães disse...

mas deixei para aqui o resto do comentário;

o que penso é que tudo o que seja diferente as pessoas rejeitam porque têm medo, nada mais

basta ser diferente em qualquer coisa

(raça, credo, opção sexual, deficiência, doença, língua, tradições....)

6:08 da tarde  
Blogger Teresa Durães disse...

P.S. Basta ser-se mais inteligente

6:08 da tarde  
Blogger as velas ardem ate ao fim disse...

Somos só pessoas ...com coração.

bjinhos

1:21 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

texto muito bem escrita . e repleto de verdades. abraços

5:55 da tarde  
Blogger Cris disse...

Somos pessoas, e como bem o dizes, o amor tornou-se para a maioria, um bem descartável.

Gostei do teu texto, afinal sou gente!

Cris

1:56 da tarde  
Blogger Lua disse...

Como já foi dito, muito bonito o teu texto...
Somos nós que por vezes complicamos o que é mais simples!!

Beijinho ;)

11:54 da tarde  
Blogger Rosalina Simão Nunes disse...

“afectos se esgotaram”

os afectos não se esgotam.

nos construímos os afectos.

as pessoas que os constroem é que teimam em ter como certo, por medo, falta de vontade, certeza...que os afectos se esgotem. porque muitas vezes fazem por se esgotar nesse labirinto das emoções.


quanto a mim a fase mais interessante nas relações, sejam de que tipo forem, reside na (re)construção.

2:08 da manhã  

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