A questão não é simples, longe disso. A opção é complexa, digo eu…
Ser ou não ser alinhado, eis o assunto.
Nos tempos de miúdos inconscientes roçávamos as calças por algumas paredes. Gritavam-se impropérios contra isto e aquilo e a favor doutros istos e doutros aquilos.
Sem os limites de qualquer cor ou bandeira.
(O único emblema que me faz alguma borbulhagem é a do meu clube, escolhido sabe-se lá porquê, no tempo em que, isso sim, roçava as calças pelo chão e rompia os sapatos de tanto pontapé na bola.)
Depois, enfim, depois vieram as convicções. E aí é que a coisa ganha dimensões perversas.
Não alimento tribos nem turbas inconscientes. Acredito na liberdade individual, porque é no indivíduo que tudo começa, tudo se passa. Do interior para o exterior.
Não acredito no desalinho decadente das alucinações e dos delírios artificiais, virtuais.
Desalinhar é estar consciente, desperto, longe dos lençóis de cetim…
quer dizer… ele há cetins e cetins… lençóis e lençóis…
Fundamentalismos dão no que se sabe… e também não é preciso ser tolo…
Ninguém se mantém sempre coerente. Também melhor seria…
As distracções... Por momentos, escolhe-se se não o fácil, pelo menos o mais ligeiro.
Errado.
Não há bela sem senão e o que parece fresco e fofo revela-se duro e bolorento.
Depois, ao retomar o caminho mais agreste, fica a sensação de inutilidade pelo tempo perdido.
Não importa.
Há um tempo para correr, um tempo para calçar chinelos, um tempo para reiniciar a viagem.
Mas o sabor amargo de uma espera que se fez tarde, é apenas suavizado pela convicção de que a liberdade tem o preço de uma vida inteira para ser vivida.
Olhar para trás? Apenas o tempo necessário para que a memória guarde a doçura dos presentes que se recebem e que são propriedade individual e intransmissível.
Desconheço o ritmo das músicas que oiço já tão perto.
Parto… com destino incerto, mas com destino.
(Foto: O Céu... quero-lhe tocar – Rui Bento Alves)
8 Comentários:
Ontem era filósofo, hoje mistura-se com Hamlet...
Tudo o que parece, nem sempre realmente o é. Mas as parecenças acabam por se tornar uteis, pelo menos dá para enriquecer a alma.
O tempo nunca foi perdido nem inutil....o tempo foi mestre.
«Há um tempo para correr, um tempo para calçar chinelos, um tempo para reiniciar a viagem.»
Não é necesário compreender ou atribuir um sentido a cada dia.
Há quem lhe chame resignação, mas eu acho que é a melhor forma de levar a vida...Fazer de cada dia um pedaço próprio, inserido num todo que faz sentido.
"Acredito na liberdade individual, porque é no indivíduo que tudo começa, tudo se passa. Do interior para o exterior."
Também eu.
Aquilo que dita o coração...
Ou estarei a ser sentimental demais?
Seja como for, desde que se tenha vontade para nos levantarmos do chão e recomeçar...
Beijos e abraços
Marta
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
eu estou desalinhada. ou sou desalinhada. ou cansada. sei lá. não fundamentalista. muito cansada, apenas.
decadente não.
eu escolho ser eu mesma. cansada, alegre, triste. agora só cansada.
bj.
Só se tem de pensar um pouco mais naquilo que se quer fazer em cada dia que passa, o resto é mesmo só viver, ir arranjando motivações e criar os nossos próprios objectivos.
«...e com o andar do tempo vai-se olhando o horizonte cada vez mais perto, não vá o horizonte mostrar-nos, aquilo que não queremos ver,...», acho esta muito boa.
Abraço
Giro... mas, repara, há 3 décadas que se pensa assim... Portugal continua na mesma... e o mundo piorou (quiçá Portugal também).
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial