Afinal o que se passa connosco?...
Toca o telemóvel. Entrada de mensagem.
Lê-se. Responde-se.
Novo toque. Resposta.
Incessante, o jogo das palavras silenciosas persiste, até que um resolva pôr fim a este alheamento do nós.
Porque, afinal, a voz passou a ser apenas sombra, ficção.
Fica-se longe, tão longe quanto este silêncio o permite. Longe, porque o equívoco substitui a verdade. Longe, porque é preferível acreditar que se está ao lado, quando afinal se está mais longe, muito mais…
As palavras digitais passaram de telegrama a diálogo de intimidades.
SMS, MMS, MSN, abreviaturas e ícones…
…a substituição da voz – porque incómoda, porque inútil –, por signos.
É fácil, então, mas perverso, remeter os afectos para este mediador e manter a aparência da comunicação.
Em cada momento pactua-se com a ausência da voz, reflexo da urgência, da pressa, da indisponibilidade.
Então, o desabafo cai em forma de texto num qualquer e-mail, num blog, num sms. Nunca na conversa, no diálogo, incómodos porque incluem olhares, toques, gestos, confrontos.
E o medo persiste… o medo de perder ou de se ficar prisioneiro dos afectos.
Toca uma vez mais o sinal de mensagem.
Depois, quando se despeja o conteúdo, aguarda-se a resposta… vem, não vem? Demorada imediata? Nem sempre é importante, porque afinal o que importa é que o outro leia o que apeteceu dizer no momento urgente.
E a urgência, sempre a urgência faz esquecer que o telefone também tem voz.
(Foto:As Sombras-Paulo Martins
Toca o telemóvel. Entrada de mensagem.
Lê-se. Responde-se.
Novo toque. Resposta.
Incessante, o jogo das palavras silenciosas persiste, até que um resolva pôr fim a este alheamento do nós.
Porque, afinal, a voz passou a ser apenas sombra, ficção.
Fica-se longe, tão longe quanto este silêncio o permite. Longe, porque o equívoco substitui a verdade. Longe, porque é preferível acreditar que se está ao lado, quando afinal se está mais longe, muito mais…
As palavras digitais passaram de telegrama a diálogo de intimidades.
SMS, MMS, MSN, abreviaturas e ícones…
…a substituição da voz – porque incómoda, porque inútil –, por signos.
É fácil, então, mas perverso, remeter os afectos para este mediador e manter a aparência da comunicação.
Em cada momento pactua-se com a ausência da voz, reflexo da urgência, da pressa, da indisponibilidade.
Então, o desabafo cai em forma de texto num qualquer e-mail, num blog, num sms. Nunca na conversa, no diálogo, incómodos porque incluem olhares, toques, gestos, confrontos.
E o medo persiste… o medo de perder ou de se ficar prisioneiro dos afectos.
Toca uma vez mais o sinal de mensagem.
Depois, quando se despeja o conteúdo, aguarda-se a resposta… vem, não vem? Demorada imediata? Nem sempre é importante, porque afinal o que importa é que o outro leia o que apeteceu dizer no momento urgente.
E a urgência, sempre a urgência faz esquecer que o telefone também tem voz.
(Foto:As Sombras-Paulo Martins
32 Comentários:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
A quem permite, somente. Embora seja difícil, a certa altura, não se deixar ir no jogo. Mas há que não se deixar ir nas ilusões. Mentir nessas alturas é o mais fácil. Mentir e manipular...
Não escreveria melhor...
A vida é um jogo... de palavras, atitudes, pensamentos....
Um grande beijo.
P.S- Acho que vou beber algumas das bebidas com nomes estranhos ;)
pois, pois, tem voz quando ha saldo para isso ou por outra...quando nao se quer ter uma resposta TAO directa do assunto, escondemo nos atras de sms. Ontem escondi me por detras delas... mas nao me senti cobarde, apenas te deixei sinal de que... algo se passa e ~de como me sinto em relação a isso e mais nao digo... já agora deves me uma resposta.
Se tens tanta necessidade de voz, agarras no telefone, ligas e gastas tu o €€€. Não te parece?
oi..
brigada pela visita brigada pelas palavras..
um beijo meu..
Tens razão - esquecemo-nos que é muito bom falar e ouvir a voz dos outros.
Um texto brilhante como sempre, Ant.
A vantagem do blog é que não temos que poupar nas palavras como nos SMS.
Beijos e abraços
Marta
às vezes parece que estás a viver/viveste um enredo mt parecido com o meu..coincidência, de certo, mas até as sombras da foto são próximas.
a voz, o olhar, as mãos, um sorriso..não podem ser virtualmente substituídos. "as máquinas" permitem-nos transmitir emoções (sinceras, não o nego) à distância mas, para mim, apenas devem ser usadas quando a distância é mm intransponível. o medo deve ser ultrapassado - não há nada melhor que um café com vista para o rio/mar ao fim do dia para as palavras perderem o medo!
não há nada melhor que a voz nas palavras e/ou as palavras na voz.
Interessantíssimo, este texto! Sabes que tenho pensado nisto, ultimamente?...
Um beijo terno, pleno de frescura
BlueShell
Link, e-mail, como preferires :)
"E a urgência, sempre a urgência faz esquecer que o telefone também tem voz"
************************EIS AQUI* DE FORMA SIMPLES (NAO SIMPLISTA!....),UMA VERDADE VERDADEIRA (passe a "redundancia"!..)!!!!!!
Tenho lido muita Prosa(OU VERSO), bem escritos, escritos com saber e sentimento; mas....EIS AQUI* AQUILO QUE DIZ TAO BEM O QUE EU SINTO MAS NAO SEI DIZER_ASSIM_!!!!!
PARABENS!
_OBRIGADA!
Heloisa.
***********
porque fácil é escrever, com ou sem jeito, sempre o foi neste momento apenas aproveitamos a onda das tecnologias, e depois depois vivemos tempos estranhos de non stops onde a velocidade de sermos felizes ofusca a capacidade de qualidade e do sofrer, pq quando choramos tb podemos aprender e ser felizes e até, pasme-se, amarmos ainda mais aquele amigo/amor. consideramos inteligentes contudo queremos não ouvir sábios conselhos e os valores perderam-se, ou perdem-se constantemente.
A era do descartável não sobrevive com muitos frentes-a-frentes, o que é triste é neste momento o leque de solitários ser avultado, contudo poucos ousam assumir.
e hoje em dia tudo é demasiado fácil e continuamos demasiado tristes.
1 BJ*
já existe
se consegues "dizer" o que "escreves" e se a palavra escrita não é uma sombra para te esconderes..estás lá! e pregas uma valente rasteira "às facilidades das tecnologias"!
Uma análise muito pertinente da forma como aquilo que aparentemente é feito para que "comuniquemos" mais, nos faz ficar mais longe.. Eu gosto da voz e da presença. **
Rage in the dark, the wind. Huge sound of on and on. My tought has nothing in it, except that it can't die down.
olá:passei e espreitei(voyar?).Bom ,isso da comunicação tem muito que se diga .Não entendo muito bem!
Pois a melhor forma de comunicar é olhos nos olhos,mas é necessário que se criem as condições para que isso aconteça.Por ex,se eu quizer comunicar ,olhos nos olhos,a outra parte tem que estar receptivel!Não concordas?Medo? não!!!O medo bloqueia aquilo que de mais precioso há:o Amor(seja lá que forma de amor for)
Doceando,Rainha da Savana
Tentando o papel de advogado do diabo: Há coisas que de viva voz nunca conseguiríamos transmitir. A escrita é, desde que existe, um meio privilegiado de transmitir ideias, sentimentos. Como se explicaria doutro modo o facto de estarmos nos blogs? Para o bem e para o mal, como tudo o que o homem cria, as novas técnicas de comunicar existem. E ainda por cima são baratas. Não é por isso que vamos deixar de usar a voz, o gesto,a presença. São momentos diferentes.São outros tempos. Mas eu sou sempre optimista. Se, apesar de todos os temporais que assolam o mundo, isto não melhorasse, ainda hoje comunicaríamos com fogueiras ou tambores.
Mas, vá lá, não se viciem nos teclados. De vez em quando falem ou apareçam, OK?
Obrigada por teres levantado o problema por escrito :))
Beijinhos.
Licínia
O código e a mensagem são os mesmos, o canal é outro, usa-se como se pode... Sussurremos as palavras, falemos ou escrevamos, o valor é apenas aquele que têm... palavras, leva-as o vento...
Mas tens razão... é o medo de ficar aprisionado, ou prisioneiro, pelos afectos ou dos afectos...
Obrigada pela tua visita.Eu sei que a guerra não traz glória.O que quis fazer foi uma comparação com os dias de hoje.Queria ressaltar algumas palavras que parecem já não existir nos dias de hoje:glória(os nossos políticos aclamam-na de forma inconsciente);bravura(eles não a têm);palavra(sempre em falta);coragem(não a têm);elogios(não os fazem )...Portanto hoje já não há "guerreiros" que "dêm a vida por um ideal".
Beijinho
I,agina então tudo isso em línguas diferentes!!! É uma Babel... :(
Fico à espera das memórias da Semana do Mar. Jinhos.
"E a urgência, sempre a urgência faz esquecer que o telefone também tem voz."
Estás a descansar? Podes voltar a escrever no blog qd quiseres.
Abraço
telemóvel? em férias? nem pensar ... rss!
abraços
Uma terna tarde :)
às vezes ouvir a voz de alguém pode ser doloroso... quando o que queríamos é estar com essa pessoa e n temos coragem de lhe dizer o quanto gostamos dela. Kisses
querido Ant...a Choninha que conheço não do virtual disse tudo o que eu diria se ela não o tivesse dito....esplendidamente!
(apropriado. mt. o teu post).
beijo.
Há pessoas que vale a pena encontrar-lhes a voz.
Outras nem sequer num sms :) ou msn ou mms ou ssm ou msnm
Sou apologista dos encontros. Sempre.
Beijos
(gostei muito do teu blog)
a voz, os olhos, os encontros..e a coragem está sempre lá, mesmo que escondida - e basta apenas uma brisa para se soltar...
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