sexta-feira, maio 26, 2006

Liberdades













Tenho acompanhado as notícias sobre Timor, até porque um amigo meu resolveu viver na terra materna onde, achava ele, tinha um papel a desempenhar.
O que me preocupa nestes conflitos, semelhantes a tantos outros onde um povo oprimido se autodetermina, seja lá o que isto quer dizer, é a incapacidade de se libertarem do “vício” da opressão. (Vejam o nosso exemplo: ainda não expurgámos verdadeiramente os tais 40 e tal anos de castração).

A primeira ideia que eventualmente nos ocorre é que voltem os opressores que estão perdoados.
Mas isso é o desespero que fala demasiado alto.
Na verdade, como dizia Willem Reich, nós, “o Zé Ninguém”, somos responsáveis pelas nossas escolhas, somos responsáveis pelos nosso actos e não podemos simplesmente delegar totalmente, aos poderes que vamos escolhendo, uma responsabilidade da qual temos participação.

Mas é verdade, também, que neste tempo de Vigiar e Punir, nos confrontamos com a dúvida e a incerteza do nosso papel de intervenientes do mundo e no mundo.
Em Timor as promessas de um Mundo Novo estão a desabar.
Quiçá porque em Timor, como em Angola, Guiné, irão, Iraque e, porque não em Portugal, os umbigos estão demasiado evidentes e a clamar por atenção.

No fundo, a libertação colectiva só resulta da evolução individual, das escolhas livres de cada um.

Um dia, talvez demasiado cedo para nós, um novo guru vestido de farda sedutora e de palavras afectuosas, vai decantar o nosso desejo de segurança e investir uma nova ordem.

Infelizmente hipnotizados, beberemos à saúde do líder e seremos cada vez mais massa sem individualidade nem desejos.

9 Comentários:

Blogger Teresa Durães disse...

Hipnotizados, massa sem desejos nem individualidade já somos. Só falta o gurú, com ou sem farda. Infelizmente essas mentes não aparecem "assim". Agora andamos no poder de vários (meia dúzia) e deixamos porque é mais fácil do que bater o pé e gritar.

A inconveniência paga-se bem cara e ninguém gosta disso.

Os portugueses sempre preferiram serem árbitos de bancada.

12:35 da tarde  
Blogger Caiê disse...

Também tenho amigos timorenses que para lá voltaram, pela mesma razão que voltou o teu amigo.
Em Portugal, temo que estejamos todos à espera de um salvador, como, aliás, sempre estivemos; do mesmo modo que aceitámos um ditador que nos livrou de problemas financeiros, facilmente aceitaremos outro...
É a triste e crua verdade do povão.

1:56 da tarde  
Blogger Rosalina Simão Nunes disse...

"No fundo, a libertação colectiva só resulta da evolução individual, das escolhas livres de cada um."

vou "roubar" a frase, posso?

12:14 da manhã  
Blogger asr disse...

Dantes eram os indonésios... agora são eles próprios... faz lembrar o que aconteceu em África depois da nossa saída: agarraram a independência, viveram uns tempos em pobreza extrema mas extasiados por tão dura e sofrida conquista...
Hoje matam-se uns aos outros :(

Triste...

3:16 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira disse...

hum...........que bem escrito Ant....


______________________chegou sorris ou partiu-se?


beijo.

por um excelente post.


fica bem.

2:15 da tarde  
Blogger Winterdarkness disse...

É uma situação muito complicada e para um povo que já sofreu tanto é muito triste e mau que continuem ainda a sofrer desta forma...

3:18 da tarde  
Blogger greentea disse...

nunca me deslumbrei com fardas e espero que não apareça por aí nenhum desses gurus...

Resposabilidade

Liberdade

Criatividade

são ainda termos dificeis de encaixar para muita gente.

um beijo pelo texto

9:44 da tarde  
Blogger marco disse...

amén!!!

12:30 da manhã  
Blogger nspfa disse...

Gostei da tua reflexão sobre a situação em Timor. Só espero - e pa dizer verdade nem acredito muito - que sejamos capazes de nos insurgir contra uma nova forma de poder absoluto, tal como perspectivas nos ultimos 2 paragrafos

9:59 da manhã  

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