sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Inocências...

Noite
companheira de aventura
mediadora dos desejos
parceira de loucura
cofre dos meus beijos

Noite
lençol dos meus actos
barca protectora
asa dos meus sonhos
motivo de minha fuga

Passmoore, Works Of Alexander & I.V.

Fugi de casa porque não podia mais.
Ele vinha furtivo, levava-me ao jardim e pedia-me coisas que não conhecia.
A princípio não conhecia a sensação e até achava bom. Só não gostava era quando me dizia para lhe tocar. Mas não me negava porque confiava nele. Achava estranho porque ele gemia como quando estava no quarto com ela.
Aí, ficava a ouvir os dois em gritos que não compreendia.
Agora sei. Sei que não gosto que me toque. Não gosto de lhe tocar porque já não confio.
Agora vou-me embora. Vou embora porque ele me bate só porque já não gosto de estar com ele.
Prometo que nunca vou contar a ninguém. Nunca ninguém vai saber que já não sou inocente.

Tenho as marcas da violência que não vão sarar nunca.
É por isso que não volto mais.
Porque quero apagar estas marcas e deixar que a inocência volte um dia.

3 Comentários:

Blogger Legionaria disse...

Os versos são teus? São bons! Há marcas que não saram...
beijos

9:18 da manhã  
Blogger greentea disse...

lindissimo este poema. quantos meninos não fugiram porque passaram por tudo isso e quantos outros permaneceram porque não foram capazes de dizer não!
Quando acaba a violencia ou porquê a violencia, a taradice, este sexo assim deturpado, forçado, doente em todas as formas?

10:16 da manhã  
Blogger  disse...

A dor da alma supera qualquer dor física... Bjokas no coração

4:59 da tarde  

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