Conto de Natal
Todos os anos, por esta altura, ando com uma neura descomunal.
Este ano a coisa está ainda mais complicada que o habitual e até faz desconfiar das intenções do Menino Jesus.
“Homem sem fé” – direis.
Bem, todos os anos, também por esta altura, me acontece qualquer coisa que me faz repensar esta depressão que sempre me ataca.
Ou um amigo que já não vejo há a nos me aparece à frente e me faz feliz, alguém que tem um gesto verdadeiramente natalício para com alguém que até posso nem ser eu. Enfim, qualquer coisa.
Hoje, no cúmulo da distracção (vou abreviar), deixei a minha mala onde transporto coisas como uma agenda, o painel descartável do auto rádio, um disco portátil cheio de trabalhos e documentos pessoais (meia vida é o que é) e outras coisas mais ou menos importantes, deixei-a, repito, junto á mesa onde almocei. Onde? perguntam vocês, amigos que aqui vêm? Na zona da restauração de um centro comercial.
- Mas estás parvo? - Perguntais. Hoje, num centro comercial? Ainda nas compras de Natal?
Nada mais errado. Não queria ali estar mas as coisas são assim mesmo e estava, pronto.
Adiante…
No cúmulo do desespero volto ao local e a dita, claro, não estava lá. Pergunta aqui, pergunta ali, cafés, mulheres da limpeza, seguranças… nada.
Assistência ao cliente e nada. Atendimento do Jumbo, nada. Corro à Administração e peço a consulta às câmaras de vigilância para identificar o tipo que me levou quase metade do ordenado e mais o trabalho e tudo o resto, inclusive textos, fotos, etc etc., "tem que esperar o visionamento e acesso talvez só com autorização policial".
Quando se encontra a mala de alguém, é suposto entregá-la nos perdidos e achados, não será?
Mas não.
Raiva, tristeza, desespero, aceitação.
Sim porque como me disse um amigo, agora já não havia nada a fazer a não ser esperar ou desistir “e aguentar”.
Rezei. Não tanto para pedir a coisa de volta, confesso. Mas para ter força para me desapegar da coisa. Para arranjar maneira de voltar a ter, pelo menos o material. É que a vida não está fácil...
Na verdade estava entre o aguentar e o não desistir (não sou de baixar s braços facilmente), quando o senhor Luís me liga para o TM dizendo que tinha a minha mala.
E o disco está aí? (prioridade)
Está. Está cá tudo.
Chorei. E não foi só de alívio. Foi um conjunto de sentimentos a desabar.
Fui buscar. Não foi perto. O senhor Luís não deixou a mala nos serviços do centro porque não confia. Preferiu encontrar lá dentro uma indicação, um contacto e ligar-me. Ainda bem. Assim pude oferecer-lhe uma das poucas prendas que vou oferecer este ano.
O senhor Luís está longe de entender a dimensão do seu gesto. Ou talvez não. Talvez tenha chegado a casa e tenha dito à família que “gostava que vissem a cara de felicidade do homem” que era eu.
Que pieguice, poderá algum de vós pensar.
A verdade é que numa altura em que é difícil acreditar na honestidade, no respeito (ao que me disseram, palavra em desuso), aparece alguém que diz: meu amigo, você está enganado. Tem que ter mais fé.
Enfim, as conclusões ficam para outro post. Ou talvez, os meus, poucos, mas bons, visitantes as possam escrever comigo.
And so merry Christmas…
Todos os anos, por esta altura, ando com uma neura descomunal.
Este ano a coisa está ainda mais complicada que o habitual e até faz desconfiar das intenções do Menino Jesus.
“Homem sem fé” – direis.
Bem, todos os anos, também por esta altura, me acontece qualquer coisa que me faz repensar esta depressão que sempre me ataca.
Ou um amigo que já não vejo há a nos me aparece à frente e me faz feliz, alguém que tem um gesto verdadeiramente natalício para com alguém que até posso nem ser eu. Enfim, qualquer coisa.
Hoje, no cúmulo da distracção (vou abreviar), deixei a minha mala onde transporto coisas como uma agenda, o painel descartável do auto rádio, um disco portátil cheio de trabalhos e documentos pessoais (meia vida é o que é) e outras coisas mais ou menos importantes, deixei-a, repito, junto á mesa onde almocei. Onde? perguntam vocês, amigos que aqui vêm? Na zona da restauração de um centro comercial.
- Mas estás parvo? - Perguntais. Hoje, num centro comercial? Ainda nas compras de Natal?
Nada mais errado. Não queria ali estar mas as coisas são assim mesmo e estava, pronto.
Adiante…
No cúmulo do desespero volto ao local e a dita, claro, não estava lá. Pergunta aqui, pergunta ali, cafés, mulheres da limpeza, seguranças… nada.
Assistência ao cliente e nada. Atendimento do Jumbo, nada. Corro à Administração e peço a consulta às câmaras de vigilância para identificar o tipo que me levou quase metade do ordenado e mais o trabalho e tudo o resto, inclusive textos, fotos, etc etc., "tem que esperar o visionamento e acesso talvez só com autorização policial".
Quando se encontra a mala de alguém, é suposto entregá-la nos perdidos e achados, não será?
Mas não.
Raiva, tristeza, desespero, aceitação.
Sim porque como me disse um amigo, agora já não havia nada a fazer a não ser esperar ou desistir “e aguentar”.
Rezei. Não tanto para pedir a coisa de volta, confesso. Mas para ter força para me desapegar da coisa. Para arranjar maneira de voltar a ter, pelo menos o material. É que a vida não está fácil...
Na verdade estava entre o aguentar e o não desistir (não sou de baixar s braços facilmente), quando o senhor Luís me liga para o TM dizendo que tinha a minha mala.
E o disco está aí? (prioridade)
Está. Está cá tudo.
Chorei. E não foi só de alívio. Foi um conjunto de sentimentos a desabar.
Fui buscar. Não foi perto. O senhor Luís não deixou a mala nos serviços do centro porque não confia. Preferiu encontrar lá dentro uma indicação, um contacto e ligar-me. Ainda bem. Assim pude oferecer-lhe uma das poucas prendas que vou oferecer este ano.
O senhor Luís está longe de entender a dimensão do seu gesto. Ou talvez não. Talvez tenha chegado a casa e tenha dito à família que “gostava que vissem a cara de felicidade do homem” que era eu.
Que pieguice, poderá algum de vós pensar.
A verdade é que numa altura em que é difícil acreditar na honestidade, no respeito (ao que me disseram, palavra em desuso), aparece alguém que diz: meu amigo, você está enganado. Tem que ter mais fé.
Enfim, as conclusões ficam para outro post. Ou talvez, os meus, poucos, mas bons, visitantes as possam escrever comigo.
And so merry Christmas…
3 Comentários:
Um Feliz Natal...Bjokas grandes
Há coisas do arco da velha...
é verdade animatógrafo, ele há coisas... gente honesta não é? Gente sensível...
Ainda bem que os há. Que seria de nós, não é?
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